Entrevista: Sérgio Pagnan

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O APL de Cerâmica Vermelha de Morro da Fumaça/SC é atualmente um dos mais promissores no setor de cerâmicas do Brasil. O trabalho do Sindicato da Indústria da Cerâmica Vermelha (Sndicer) e da Cooperativa de Exploração Mineral (Coopemi) junto às indústrias da região (em torno de 165 empresas conveniadas) reflete no fortalecimento econômico, social e cultural da região.

Para continuar o trabalho com êxito, o APL de Cerâmica Vermelha de Morro da Fumaça está em busca: do aumento das áreas requeridas, aquisição gradativa de equipamentos de extração e transporte, alinhamento ao Novo Marco Regulatório da Mineração e aumento de sua representatividade no setor. Para falar sobre o trabalho realizado nessa região, a RedeAPLmineral conversou com o presidente do Sndicer/Coopemi, Sergio Pagnan.

RedeAPLmineral – O Sndicer/Coopemi possui um trabalho, junto as industrias de cerâmica vermelha de Morro da Fumaça, de importância econômica e social para a região. Como foi o inicio desse trabalho?

Sergio Pagnan –  O ano era de 1973 e, na época, existiam apenas cinco, no máximo seis, olarias na região. Foi então que, em Morro da Fumaça, a atividade cerâmica despontou e tornou o município conhecido na região. Os primeiros tijolos que saíram da cidade foram levados à Porto Alegre. Foi então que o Rio Grande do Sul descobriu que Morro da Fumaça era a terra dos tijolos.

O setor explodiu em crescimento, em poucos anos, 116 olarias haviam sido instaladas em Morro da Fumaça e nos municípios vizinhos. Os caminhoneiros que vinham para buscar as cerâmicas tinham que aguardar até quatro dias para fazer o carregamento.

Contudo, problemas com a falta de valores, fiscalização e encargos sociais começaram a aparecer. Por isso, um grupo de ceramistas, composto por Luiz Guglielmi, Estor Maccari, José A. Maccari, Valmor Naspolini, Neri de Rochi, Rogério Canto e Claudionor de Vasconcelos, passou a se reunir semanalmente. Eles formaram a Associação dos Oleiros de Morro da Fumaça, que, após dois anos, com a orientação da Associação Comercial e Industrial de Criciúma (ACIC), transformou-se no Sindicato da Indústria de Olarias de Morro da Fumaça (SIOMF).

De lá para cá, o Sindicato foi apresentando importante representatividade para alavancar a economia do município. Atualmente, denominado Sindicato da Indústria Cerâmica Vermelha de Morro da Fumaça (Sindicer), conta com 165 empresas associadas, entre Morro da Fumaça, Içara, Sangão, Jaguaruna, Treze de Maio, Cocal do Sul e Criciúma.

A cerâmica vermelha impulsiona o município, Morro da Fumaça é um dos principais pólos de produção de tijolos e telhas do País. A preocupação com o meio ambiente fez com que, em setembro de 1998, o Sindicato criasse a Cooperativa de Exploração Mineral da Bacia do Rio Urussanga (Coopemi). A Cooperativa visa garantir a extração da argila concomitante com a recuperação ambiental na área de mineração dos ceramistas, conforme as normas exigidas pela legislação.

RedeAPLmineral – Atualmente qual é a participação do APL de Cerâmica Vermelha de Morro da Fumaça no setor de Cerâmicas Vermelhas do Brasil?

Sergio Pagnan – O APL de base Mineral de Cerâmica Vermelha de Morro da Fumaça/SC encontra-se em estruturação, porém os avanços conquistados são relevantes a nível nacional. Ele representa a produção em pequena escala dos seguintes produtos: tijolos de vedação, de paredes a vista, refratários e bloco estrutural, tavelas, telha vermelha, branca e semi-gress, elementos vazados, peças especiais e cerâmica artística, tornando este APL como um dos completos seguimentos de cerâmica vermelha do Brasil.

A Cooperativa, que é uma componente do nosso APL, contribui para o fortalecimento do setor devido ao fornecimento de matéria-prima legal necessária para a fabricação destes produtos, desenvolvendo diversas atividades como, a extração racional e sustentável dos bens necessário, recuperação do meio ambiente, aplicações das técnicas e medidas de segurança no trabalho, responsabilidade social com a comunidade local.

Todas estas organizações e ações diversas fazem com que a APL da Cerâmica Vermelha de Morro da Fumaça ganhe destaque e possua um nível de participação relevante junto às demais APL do Brasil.

RedeAPLmineral – O setor dessa região está em busca de crescimento e fortalecimento. Para isso, necessita solucionar algumas pendências como, aumento das áreas requeridas e adequamento ao Novo Marco Regulatório da Mineração. Como estão essas questões?

Sergio Pagnan – A Coopemi vem atuando e desenvolvendo suas atividades para promover melhorias no setor. Seus técnicos estão atentos as necessidades e estão trabalhando não apenas nos requerimentos de novas área, mas sim na manutenção dos títulos com trabalhos voltados a extração nacional, cumprimento de prazos, obrigações de recuperação ambiental. Quanto ao novo marco regulatório, os técnicos e jurídicos da Coopemi estão participando de encontros e eventos, além de sugerirem itens que contribuem com o Novo Marco Regulatório para a pequena mineração, por meio da cooperativa.

RedeAPLmineral – Como surgiu a idéia de inserir na sede do Sndicer/Coopemi o Laboratório Técnico da Cerâmica Vermelha (Labcer) e o Núcleo de Cerâmica Artística (Olaria das Artes)? Fale um pouco sobre o trabalho social realizado.

Sergio Pagnan – Por atendermos muitas micro empresas, inserir um laboratório técnico de cerâmica vermelha para a utilização de todos foi a maneira mais adequada, buscando desta forma, atender a necessidade de cada empresa sem que precisem possuir o seu laboratório. O laboratório surgiu em 2003, com o objetivo de atender as empresas, associadas ao Sindicer/Coopemi, nos processos de adequação as normas de fabricação, que são exigidas pela ABNT e INMETRO.

A oportunidade de criar o Núcleo de Cerâmica Artística – Olaria das Artes, no ano de 2005, surgiu com o objetivo de dar oportunidade de inserção de alunos do programa PETI, grupos de idosos, Apae, comunidade e ceramistas da região, como oportunidade de renda. Atualmente o desenvolvimento e a produção de peças decorativas e utilitárias tem sido o foco principal da Olaria das Artes, resgatando valores culturais. Para produzir as peças, o Núcleo conta com a participação de cinco artesãos. E é mantido pelo Sindicer, com apoio do Sebrae e outras instituições parceiras.

RedeAPLmineral – Quais são os próximos passos do Sndicer/Coopemi junto as industrias de cerâmica vermelha de Morro da Fumaça?

Sergio Pagnan – O desafio para o futuro da Coopemi está no fornecimento de matéria-prima de ótima qualidade, então estamos iniciando um projeto de central de massas, na qual irá analisar todas as argilas disponíveis a cooperativa, licenciadas, para assim, fazer uma blendagem de materiais buscando o aproveitamento de todas as argilas, mesmo aquelas que antes eram inutilizadas formando, então, uma massa final de ótima qualidade. Com isso, se torna racional e sustentável as operações de lavra da cooperativa.

Fonte: Comunicação RedeAPLmineral

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