Entrevista com a Representante da CETEC- MG Maria Cezarina Vítor De Souza

Entrevistas

Durante o VIII Seminário Nacional de Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral e V Encontro da RedeAPLmineral, a equipe de comunicação da RedeAPLmineral entrevistou os participantes vencedores do Prêmio Melhores Práticas, confira abaixo entrevista com a Representante da CETEC- MG Maria Cezarina Vítor De Souza, primeiro colocado e suas expectativas.  Título da Prática: “Implantação de uma Unidade de Inovação Tecnológica no Setor de Gemas e Joias – Experiências da Unidade de Inovação Tecnológica no Setor de Gemas e Joias do APL de Teófilo Otoni – MG.

Rede APLmineral – Você poderia contar mais sobre a sua prática?

Maria Cezarina – Esse trabalho começou com um edital da Finep em Inovação em APL. Nós fomos identificar no MDIC qual dos APls  haviam sido priorizados e identificamos o de gemas e jóias de Teófilo Antônio. Vimos que já existiam trabalhos anteriores de assistência tecnológica na extração desenvolvida pela Maria José no programa chamado PROGEMAS. Identificamos o elo da lapidação com o elo em que nós poderíamos promover um trabalho maior de inovação não só nas práticas como também na produção levando- nos agregar mais valor na produção da jóia. Tinha que contar com a participação de empresas então recorremos à associação local que congregava os exportadores de gemas a – ARGEIA. O presidente abraçou a idéia de inovação e chamou seus associados. A gente apresentou a idéia de levar a tecnologia, inovar em processos, inovar em produtos e todos imaginaram que inovar seria levar equipamentos só que a gente deveria ofertar muito mais não basta equipamento eu preciso de capacitação, enfim conhecimento. Na hora de montar o projeto que era inovar no APL com cinco empresas nós voltamos a conversar e a proposta se transformou em criar uma infra- estrutura tecnológica em que todos aprendessem a produzir fazendo com novos métodos e novos processos daí nasceu o que nós criamos, a marca UNIT- Unidade de Inovação Tecnológica, e já com a idéia de reaplicar aquele modelo a outras aglomerações do setor e com isso nós mudaríamos toda a base tecnológica do setor em minas quer dizer nós começaríamos com o piloto de Teófilo Antônio depois caminharíamos para outras regiões. A Unit nasceu com esse propósito de  ser uma infra-estrutura tecnológica que fizesse a ponte entre a demanda e a oferta de tecnologia então em paralelo  nós tínhamos que criar a estrutura de conhecimento então nós fomos criar uma rede de apoio tecnológico e contamos com o suporte da academia e de centro tecnológico e conseguimos reunir em uma rede cinco instituições.

Rede APLmineral – Esses produtos já são comercializados?

Maria Cezarina – Esses produtos ainda não são comercializados, eles são protótipos, o que eles esperam agora, a nova regra é como entrar em escala de produção. Porque para sair de um desenho para um produto, primeiro passa pelo protótipo, e no protótipo estão todos os problemas possíveis, e ele só entra na escala de produção depois de tudo ajustado. Aí ele tem o molde perfeito, que pode ser repetido, ele pode produzir, e com a idéia modular, troca a cor da pedra, vira outro produto, o que era só brinco pode virar pingente e daí vai diversificando, mas primeiro como levar isso ao mercado? Já tem que ter uma idéia, um plano de abordar o mercado, e eu não posso ir ao mercado sem ter um respaldo da produção lá atrás, porque se eu promovo e não entrego morreu , não deu certo. Então essa questão de conhecer os custos, saber o preço de venda, a gente quer trabalhar tudo isso pra fazer um lançamento em alto estilo da coleção que pode ser sob demanda. Você apresenta um catálogo e o que chega começa a ser produzido. Então a gente tem que ter lá as pessoas prontas, para junto com os empresários planejarem a produção em escala. 

Rede APLmineral – A comercialização é um ponto importante para qualquer produto. Quais são as principais barreiras que o APL de Teófilo Otoni enfrenta?

Maria Cezarina – A maior barreira para os produtos chegarem de fato ao mercado é a demora. Porque o empresário não entende, ele já quer ter o produto em no máximo dois, três meses. Porque todo o processo passa por uma série de pesquisas, capacitações, testes, protótipos, e tudo é feito com recurso público que tem uma série de regras a serem seguidas. Então isso tudo colabora para a demora do produto final chegar ao mercado. 

Rede APLmineral – Quais benefícios esse prêmio poderá trazer para vocês?

Maria Cezarina – O prêmio para nós foi muito importante porque é um trabalho muito árduo, temos que manter o empreendedor motivado e os especialistas também. Ter o mérito reconhecido é muito bom e você fica com a responsabilidade maior de que o resultado do trabalho se concretize e que ele apareça, o que não é pouco ambicioso, fazer surgir um pólo joalheiro na região.

Rede APLmineral – Qual a sua opinião sobre a atuação da RedeAPLmineral quanto a sistematização e disseminação de informação?

Maria Cezarina – Eu acho que a Rede é muito importante para disponibilizar essas informações, mas nós temos que trabalhar o usuário. Nós temos um usuário que não tem a cultura de uso dessa informação e muito menos da internet com o fim de agregar conhecimento. Ele usa para negócio eu acho que para isso ele está mais habituado, mas essa cultura de buscar informação o usuário acha que está perdendo tempo. Não sei se nós teríamos uma forma diferente de levá-lo a ter mais agilidade nesse processo de ser mais interativo para que de fato ele faça o uso adequado da Rede. Nós fizemos uma ação de informação levantando todos os estudos feitos sobre o Jequitionha sobre o setor, porque o que já se estudou aquela região o que já se caracterizou e está em trabalho de Congresso em uma tese, quer dizer foram identificados com esse potencial de estarem em PDF, 50 documentos, esses documentos estão disponibilizados no SIMI- Sistema Mineiro de Inovação. Queria depois trazer para Rede esse estudo, ele não é para o produtor lá na ponta quem vai consultar é quem quer fazer novos estudos para ver o que já se foi estudado então existe essa diferença para quem que a Rede quer trabalhar? Ela é um mecanismo para o governo dá transparência às ações,ela é para o pesquisador que quer propor novos estudos nessa área ou o que ela é para o usuário final?E esse mundo da mineração é tão grande uma hora fala de granito, pedra sabão, gemas e jóias então eu acho um desafio também ter um instrumento de disseminação de informação.

Por Letícia Soares e Muryel Santana – Equipe de Comunicação da Rede APLmineral

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