Entrevista: Marcelo Morai

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O Engenheiro civil, Marcelo Morais, tem um currículo de serviços prestados a seu Estado. Pós-graduado em recursos hídricos do meio ambiente e com formação em tecnologia limpa, ele já recebeu o Prêmio de meio ambiente do estado do Piauí e utiliza seu conhecimento para fomentar a economia local.

RedeAPLmineral: Como foi o início do trabalho como coordenador?

Marcelo Morais: Assumimos a coordenação do projeto Gemas e Jóias OPALA de Pedro II em agosto de 2005, e começamos o trabalho pela avaliação de cenário. Havia um grande desafio de implementar um projeto de desenvolvimento na região que continha um grande passivo ambiental, e áreas de exploração interditadas pelo Ministério Público. Tivemos que fazer todo um processo inicial de ouvir toda a comunidade e a partir daí fazer o planejamento estratégico para complementar as linhas básicas do projeto. Elaboramos os estudos ambientais, conseguimos os licenciamentos ambientais, as Permissões de Lavras Garimpeiras (PLGs), demarcamos as áreas … resumindo: montamos o arcabouço jurídico para haver a legalidade exigida da atividade na região.

RedeAPLmineral: Como foi esse processo?

Marcelo Morais: Muito difícil. Tirar um licenciamento ambiental hoje em dia é muito complicado. Mas, tínhamos as instituições interessados em enfrentar os desafios como o MME, MCT, SEBRAE, DNPM, CPRM, as agências estaduais como a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (Sedet), etc, nos ajudando e isso foi fundamental no processo.

RedeAPLmineral: Qual foi o resultado desse esforço?

Marcelo Morais: Hoje nós temos a Associação dos Joalheiros e Lapideiros de Pedro II (AJOLP) e a Cooperativa dos Garimpeiros de Pedro II (COOGP), organizadas e com sede própria, e há, ainda, uma terceira entidade: a Associação dos Produtores de Opala do Piauí (APROPI). Com esse esforço conjunto, conseguimos implantar um acompanhamento técnico realizado por um engenheiro de minas, que era a última etapa que estava faltando para podermos lançar nossos produtos aos mercados nacionais e internacionais com a garantia de que ele é produzido respeitando o meio ambiente.

RedeAPLmineral: Onde vocês querem chegar?

Marcelo Morais: Desejamos transformar a região em pólo de gemas e joalheria, gerando emprego e renda no local. Já formamos 14 novos lapidários, e desses 13 já abriram novas oficinas. Quando começamos, em 2005, a produção era de 60 kg/mês de jóias; hoje é de 200 kg. A produção de opala subiu de 30 kg/mês para 60 kg/mês. A região contava com 10 lojas antes e hoje tem 23 lojas, então acredito que o trabalho está funcionando e gerando renda e emprego.

RedeAPLmineral: Quais são os próximos passos do APL Opala Piauí?

Marcelo Morais: Bem, estamos na 2ª fase do projeto agora, que deve se estender até julho de 2010. Talvez o desafio até lá seja o de aumentar a produção de opala com consistência de forma que a cadeia produtiva: lavra, beneficiamento, lapidação, joalheria, comercialização nacional e internacional, empreendedorismo, meio ambiente, recursos hídricos, mobilização social e a inclusão social; não tenha nenhuma interrupção na produção da opala. Por isso estamos pleiteando junto ao Banco do Nordeste – BNB financiamento para uma retro-pá-escavadeira para a COOGP e esperamos que outros parceiros adquiram alguns equipamentos, também, para dar a consistência que o APL necessita.

RedeAPLmineral: Quais são as ações que o APL está desenvolvendo para atingir esse patamar de estabilidade?

Marcelo Morais: Trabalhamos no processo continuo de capacitação de todos os setores envolvidos na cadeia produtiva, porque o APL está atingindo um ponto de demanda em que quanto mais se trabalha mais se é cobrado pela excelência e padrão de qualidade. O SEBRAE nacional aprovou o projeto ‘Indicação geográfica’ que nos ajudou na questão da certificação do nosso produto. Queremos ter a comprovação de que a opala é da região de Pedro II. Também, temos aprovado junto à Finep, um projeto de desenvolvimento de tecnologia integrado, onde estamos desenvolvendo equipamentos para as lavras de Opala junto com o Centro Tecnológico de Artefatos Minerais (Cetam). O primeiro protótipo já passou por vários testes e agora estamos prontos para fabricá-lo e testá-lo. É uma espécie de betoneira onde o cascalho passa por vários níveis de peneiramento para que haja o mínimo de perda possível de opala. Essa máquina reduz, inclusive, o passivo ambiental. Assim vamos atender aos planos de recuperação de áreas degradadas e também o órgão ambiental responsável e o Ministério Público.

RedeAPLmineral: As ações são apenas no que tange a tecnologia?

Marcelo Morais: Não. Estamos trabalhando com vários aspectos, inclusive com a família garimpeira. Conseguimos um telecentro para ser instalado no Cetam em Pedro II. Os garimpeiros, suas famílias e a comunidade poderão estudar, encontrar colegas e  fazer cursos dentro da escola de lapidação, utilizando o computador e a internet para abrir seus horizontes pessoais e profissionais. O Cetam tem uma demanda de treinamento de 270 novos lapidários para os próximos 2 anos. Queremos inaugurar a escola até o final do ano. E vamos criar, também, uma turma de lapidários com necessidades especiais. Então a inclusão está sendo desenvolvida em vários níveis

Por Claudio Almeida

Jornalista da RedeAPLmineral

Fonte: RedeAPLmineral

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