Entrevista: Maria José Salum

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A engenheira de minas e Doutora em tecnologia mineral, Maria José Gazzi Salum, esteve na linha de frente do desenvolvimento de APL’s de base mineral desde os trabalhos com o APL de gemas e jóias do nordeste mineiro, em 2000. Ela conversou com o Portal da RedeAPlmineral sobre a importância do extensionismo mineral na disseminação de informação. 

RedeAPLmineral: Qual a importância do lançamento do Programa de Extensionismo Mineral para os garimpeiros?

Maria José Salum: 
Acredito que o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, resumiu bem a importância do programa quando, do seu lançamento no dia 12/05, afirmou que: “os garimpeiros são os verdadeiros mineradores do Brasil, e que, para fazer justiça a essa classe, seria preciso distribuir com mais eqüidade a imensa riqueza produzida pelo setor mineral brasileiro”. O Programa Nacional de Extensionismo Mineral veio exatamente reunir os vários esforços realizados por diversas entidades públicos e privados sob a bandeira única do ‘extensionista mineral’. 

RedeAPLmineral: A senhora poderia explicar melhor o que é e qual o trabalho do extensionista mineral?

Maria José Salum:
 O extensionista é um ‘agente’ que trabalha a informação de uma determinada atividade entre os vários parceiros envolvidos. Podemos pegar o exemplo do agente de saúde. O agente local de saúde é aquele indivíduo que vai de casa em casa conversando com as pessoas, sabendo de suas necessidades, ele faz reuniões com a comunidade, resumindo, ele é o ‘elo’ entre as redes de saúde oficiais e a população. O agente não precisa ser, aliás, na maioria dos casos não é, nem médico, nem enfermeiro. Podemos fazer a mesma analogia com o extensionista mineral. Ele não precisa ser necessariamente um geólogo ou engenheiro de mina, mas ele precisa conhecer o ramo de ação e as várias pessoas que atuam no setor. 

RedeAPLmineral: Mas os técnicos participam também?

Maria José Salum: 
Sem dúvida. Na verdade podemos falar em até níveis de ‘extensionista’, pelo menos três: o local, o estadual ou regional e o federal; cada um tem sua particularidade. O federal que pode ser representado por técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ou o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) nos seus departamentos nacionais; o estadual pode ser representante desses órgãos nos estados ou mesmo de outros parceiros como: Sebrae, universidades, instituições de pesquisa, instituições ambientais, empresas etc; e o local que é, na maioria das vezes, um líder comunitário ou pessoa que tem capacidade de agregar e disseminar informações.

RedeAPLmineral: Que tipo de informações os extensionistas irão disseminar?

Maria José Salum:
 Qualquer informação/ conhecimento que fomente e promova a inserção, transferência, e inovação de tecnologia para micro e pequenas empresas do setor mineral. Pode ser informação sobre melhores práticas ambientais, técnicas de recuperação de áreas exploradas, informação sobre novas máquinas e técnicas de beneficiamento, modelos de negociação e formação de redes, melhores práticas de saúde e segurança no local de trabalho etc. 

RedeAPLmineral: Essa é uma via de mão única?

Maria José Salum: 
De forma alguma, pelo contrário. Uma das qualidades maiores do extensionista é ter a capacidade de ouvir os trabalhadores na ponta e de mensurar suas necessidades e demandas de uma forma clara. Afinal, um dos maiores desafios nessa troca de informação é exatamente captar os anseios dos garimpeiros/mineradores e conseguir conversar numa linguagem que eles entendem. É preciso conquistar a confiança do trabalhador de mina. Fazer com que ele compreenda que, adotando certas técnicas e métodos em detrimento das tradicionais que ele aprendeu na prática, ele terá benefícios não só para a sua saúde e segurança como para o seu bolso, já que pequenas mudanças de comportamento são capazes de eliminar ameaças a sua saúde e ao mesmo tempo triplicar/quadruplicar os seus ganhos.

RedeAPLmineral: Os Telecentros Minerais vão ajudar nesse sentido?

Maria José Salum: 
Certamente. Tenho dito que queremos que os Telecentros Minerais sejam verdadeiramente “A Casa do Pequeno Minerador”. Um local onde ele possa encontrar todas essas informações de que estamos falando, de uma forma fácil e direta. E, talvez o mais importante: de uma forma perene, permanente. Precisamos incutir no garimpeiro/minerador o hábito de visitar os Telecentros Minerais para ter acesso as informações e novidades de que ele precisa. Já temos 27 desses centros distribuídos pelo país e lançamos agora o 2° Edital para Telecentros Minerais com mais 19 centros. Eu brinco dizendo que o Telecentro é a ‘casa do Pequeno Minerador’ e ao mesmo tempo o ‘escritório “virtual” do extensionista’. 

RedeAPLmineral: O que o minerador encontra nos Telecentros?

Maria José Salum: 
Primeiro, ele encontra um espaço físico que tem 11 computadores (1 deles sendo o servidor) e acesso à internet. Precisamos lembrar que esses trabalhadores estão, muitas vezes, em locais ermos, onde não há as facilidades das grandes cidades, muito menos o acesso à internet. Segundo, ele vai encontrar um ambiente propício, especialmente arquitetado para que ele encontre as informações que precisa e deseja. Por exemplo, no Portal de Apoio ao Pequeno Produtor Mineral (PORMIN), ele encontrará informações que lhe dizem respeito, especificamente, porque ou foram produzidas exclusivamente para ele ou foram pinceladas de outros parceiros como o MME, MCT, CPRM, DNPM, RedeAPLmineral, ou de outros parceiros, mas com foco no micro e pequeno produtor.

Por Claudio Almeida

Jornalista da RedeAPLmineral

Fonte: RedeAPLmineral

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