As empresas de máquinas e equipamentos aguardam esperançosa uma agenda mais forte de investimentos em infraestrutura, para que 2014 seja um ano mais positivo do que está sendo este. Passados os primeiros nove meses, o resultado é uma retração de 7,1% no faturamento das companhias de bens de capital mecânico em relação ao mesmo período de 2012, totalizando R$ 59,4 bilhões, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Hoje, o setor opera com 77,3% de sua capacidade instalada e tem uma carteira de pedidos 11% menor do que no ano passado. A situação pior é das categorias de equipamentos pesados, pedidos sob encomenda, usados em grandes obras, por exemplo. A expectativa deste segmento está no desenvolvimento dos projetos ligados às concessões públicas.
A previsão de investimentos a serem alocados em transporte, logística, saneamento básico, energia e habitação é de R$ 1,19 trilhão até 2018, de acordo com estudo divulgado na semana passada pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). O número sustenta as esperanças de melhora para a indústria brasileira de máquinas.
Para alguns dos segmentos do setor de bens de capital mecânicos, a salvação durante este ano foram pedidos do governo. É o caso de equipamentos de linha amarela usados em construção, como retroescavadeiras e motoniveladoras. A Sobratema calcula uma alta de vendas de 16% e 177%, respectivamente, para os dois tipos de máquinas, em comparação a 2012. O objetivo do governo é ajudar municípios pequenos, de até 50 mil habitantes, a recuperar estradas vicinais.
Outros programas públicos ajudaram determinados segmentos. A linha de crédito Finame, do BNDES, para a aquisição de máquinas, por exemplo, foi o que contribuiu para que compradores tivessem algum apetite no ano, segundo empresários do setor. Aumentos de impostos para importação de algumas categorias também ajudaram a fortalecer vendas em determinados nichos, como de equipamentos de refrigeração.
No entanto, ainda que considerem que medidas de ajuda sejam cruciais em momentos ruins do mercado, executivos do setor manifestam preocupação com a falta de vigor da economia. Eles afirmam que, por mais que os programas de incentivo ajudem, acabam sendo soluções temporárias.
Ainda assim, o setor luta por mais medidas de apoio – com o objetivo de puxar principalmente as fabricantes locais – que vêm sendo discutidas em reuniões entre membros do setor e do governo. Entre elas estão o pedido de restrição de importações de máquinas e equipamentos usados, uma maior exigência de conteúdo nacional em máquinas e equipamentos compradas com recursos públicos, além dos programas Inovar Máquinas e Mais Investimento.
O primeiro propõe a desoneração de empresas que fabricam máquinas com conteúdo nacional e o segundo prevê que companhias que tomem recursos com o BNDES para investir em máquinas tenham abatimento em suas dívidas federais.
A Abimaq já disse que o governo está resistindo em aprovar medidas de desoneração, mas usa os dados negativos da indústria de máquinas e equipamentos para insistir. Já o governo vem reafirmando que considera o setor importante, mas diz que decisões relacionadas a programas de incentivo tomam tempo.
Até setembro deste ano, o país acumulava um déficit de US$ 15 bilhões no comércio de máquinas e equipamentos. Quase todos os segmentos do setor tiveram queda em suas exportações no ano, com exceção de máquinas para agricultura, indústria da transformação e petróleo e energia renovável, segundo dados disponibilizados pela entidade. Em geral, a participação das importações no consumo brasileiro de máquinas e equipamentos está em 66% neste ano, bem acima dos 52% de 2007.
Fonte: MG Comunicação Empresarial