A Vale está em negociações com seus principais clientes, entre os quais a ArcelorMittal e a China Steel, com o objetivo de rever os preços do minério, de acordo com o diretor-executivo de minério de ferro e estratégia da mineradora, José Carlos Martins. A ideia é mudar o sistema de formação de preços.
Ontem, durante evento da companhia em Londres, o executivo disse que, neste momento, a maior parte das vendas da mineradora já leva em conta a média das cotações do minério no trimestre corrente e não o preço médio verificado no período de três meses anteriores, conforme a sistemática vigente até então.
“Estamos negociando com eles e essa será uma negociação árdua, sem volta”, afirmou o executivo, referindo-se ao fato de os preços da commodity no mercado à vista serem hoje mais favoráveis aos clientes. “Hoje o desconto está em 20%, mas não sabemos se ele se manterá até o fechamento do trimestre”, acrescentou.
Segundo Martins, essa nova sistemática – baseada em valores praticados no mercado à vista dentro do trimestre – tira a previsibilidade que o modelo de preços anterior oferecia. “O mercado está se movendo para uma sistemática de preços mais líquida e, cada vez mais, os preços estarão perto daqueles do mercado spot”, ressaltou.
A Vale espera que o preço da tonelada do minério de ferro se estabilize entre US$ 140 e US$ 150 nos próximos dois ou três meses, segundo Martins. Para o próximo ano, afirmou o executivo, a mineradora brasileira pretende vender o equivalente a sua capacidade produtiva, de 300 milhões de toneladas anuais da commodity.
Em relação aos preços futuros do minério, Martins afirmou que há expectativa de recuperação. Nesse caso, se estiver em vigor a nova sistemática de preços, não haverá negociação com os clientes. “Estamos abertos à negociação (da nova sistemática), mas é uma via sem volta. Não dá para voltar atrás quando preço à vista não for favorável para o cliente.”
Na avaliação do diretor financeiro da Vale, Tito Martins, os próximos meses devem ser marcados por estabilidade nos preços de negociação do minério de ferro e nos volumes comprados. “Não vemos grandes movimentos na China”, afirmou.
Já a ocorrência de problemas com o cargueiro Vale Beijing, operado pela coreana STX Pan Ocean para a Vale, é vista como “muita séria” pela mineradora. “Vemos isso como muito sério e queremos saber o que realmente aconteceu”, disse José Carlos Martins.
Conforme o executivo, ainda é cedo para apontar o que pode ter provocado o incidente com a embarcação, que foi transferida para a Baía de São Marcos, no Estado do Maranhão, e não faz sentido especular sobre questões técnicas. “Não é usual que isso aconteça e se trata de uma embarcação nova”, disse.
O incidente envolvendo o Vale Beijing ocorreu no sábado à noite, no Terminal de Ponta da Madeira, quando cerca de 300 mil toneladas de minério de ferro já haviam sido embarcadas – o cargueiro tem capacidade para 400 mil toneladas.
Desde então, equipes da Vale, da STX e de especialistas de outras companhias estão empenhados em diagnosticar o que houve na embarcação e como solucionar o problema. “Neste momento, não há nada definitivo sobre o que pode ser feito”, acrescentou.
Fonte: Valor Econômico