A presidente Dilma Rousseff está convencida de que é preciso trocar o comando da mineradora Vale, mas quer blindar a companhia do apetite político, para não causar turbulência no mercado nem impacto nas ações da companhia na Bolsa de Valores. Agora, há um novo executivo cotado para substituir Roger Agnelli na Vale: trata-se do presidente da Suzano Papel e Celulose, Antônio Maciel Neto.
O nome de Maciel, ex-presidente da Ford do Brasil, circula no Palácio do Planalto e também nas negociações com os acionistas, mas o governo sabe que a substituição não será uma operação fácil. Agnelli não quer sair e a Vale está em boa situação: é líder mundial na produção de minério de ferro e, no ano passado, atingiu o segundo maior lucro da história entre as empresas de capital aberto (R$ 30,1 bilhões), só perdendo para a Petrobras.
Desde o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, a avaliação no Planalto é de que Agnelli privilegia as exportações em detrimento da indústria nacional. Recusa-se a investir, por exemplo, em produto com valor agregado, fazendo com que o Brasil exporte minério de ferro para a China e seja obrigado a importar trilhos chineses para as ferrovias.
É por isso que Dilma, a exemplo de Lula, gostaria de ver um perfil diferente no comando da empresa: alguém que seguisse a estratégia de desenvolvimento para o País ditada pelo Planalto, como faz a Petrobras, mesmo que a Vale seja empresa privada. A eleição do Conselho de Administração da Vale está marcada para maio e nenhum sócio controlador da empresa, privatizada em 1997, tem preferência na escolha do presidente. Mesmo assim, o governo exerce papel importante, já que os fundos de pensão das estatais – Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (servidores da Petrobras) – detêm 49% das ações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.