O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que reúne as empresas do setor, já trabalha com a perspectiva de um novo ciclo recorde de investimentos para o setor no Brasil: US$ 64,8 bilhões entre 2011 e 2015. A cifra supera os US$ 62 bilhões esperados para o período de 2010 a 2014.
Para o presidente do Ibram, Paulo Camilo Penna, esse maior interesse por projetos minerais tem como pano de fundo o cenário de demanda aquecida e preços elevados. “O setor aposta que a demanda vai continuar forte”, afirmou.
Um exemplo da atual corrida por insumos minerais, principalmente da China, é a disparada no preço do minério de ferro. Em 2010, o preço do produto superou a casa dos 100% e a expectativa é de novos aumentos de preços ao longo deste ano.
Ontem, a estimativa de investimentos foi apresentada, em Brasília, durante o lançamento do Plano Nacional de Mineração, no Ministério de Minas e Energia. Penna considera o Plano uma ferramenta importante para que o setor cresça de forma sustentável até 2030. Ele ressalta a importância da mineração para a economia brasileira, usando como exemplo os dados da balança comercial de 2010. Só em 2010, o peso da mineração na balança foi de US$ 27 bilhões.
Questionado sobre a possibilidade da adoção de mecanismos de restrição ao capital estrangeiro na mineração no Brasil, sobretudo de chineses, que estão comprando várias minas no País, Penna disse que é contra a imposição de obstáculos ao capital estrangeiro, mas defendeu o princípio da reciprocidade entre os países. “A gente defende a reciprocidade nas relações.”
Ele citou o exemplo de um centro de distribuição de mineração na China, com participação de empresas brasileiras, para o qual não houve negativa do governo daquele país. O processo de implantação, no entanto, não prosperou.
A pesquisa do Ibram revela que os projetos de minério de ferro – carro-chefe da produção mineral brasileira – devem abocanhar aproximadamente dois terços dos investimentos esperados até 2015. A expectativa é de que totalizem US$ 42,3 bilhões, valor acima dos US$ 39,2 bilhões esperados para o ciclo anterior.
Em segundo lugar estão os projetos da cadeia do alumínio, que vão ficar com US$ 5,2 bilhões, seguidos pelos de níquel, com orçamento previsto de US$ 6,5 bilhões. Segundo Paulo Camilo Penna, a perspectiva de crescimento da economia mundial, especialmente dos países emergentes, tem incentivado as companhias a ampliarem sua capacidade produtiva.
Diante de um cenário positivo, o presidente do Ibram observou ainda que essa cifra recorde esperada para os próximos cinco anos leva em conta também alguns projetos de pesquisa que se tornaram viáveis e entraram em fase de desenvolvimento. O Pará segue como o principal destino dos investimentos minerais no País, com orçamento previsto de US$ 24 bilhões. Em seguida está o Estado de Minas Gerais, com US$ 21,8 bilhões.
Revisões. Em 2010, por conta da forte recuperação do setor após a crise financeira internacional, o Ibram revisou três vezes as expectativas para o ciclo 2010/2014. A primeira projeção apontava para US$ 49 bilhões e a segunda para R$ 54 bilhões – ambas abaixo dos valores previstos antes da crise financeira mundial de 2008, que provocou uma grande retração na demanda por insumos minerais. Na última, o instituto revisou o número para a marca recorde US$ 62 bilhões. “A rapidez da recuperação (na demanda por insumos minerais) nos surpreendeu.”