O projeto, coordenado pelo professor de Departamento de Química, Alexandre Amaral Leitão, foi contemplado por meio de edital da Fapemig, que recebe apoio da mineradora Vale S.A.
A lama vermelha é tóxica, trazendo riscos ao meio ambiente. Ela pode contaminar o solo e lençóis freáticos por conta da concentração de metais pesados e de sua alta alcalinidade. Esse rejeito é produzido em grandes quantidades e se acumula em reservatórios gigantescos por não ter hoje qualquer aplicabilidade. No final de 2010, o rompimento de um dique de contenção de lama vermelha na Hungria matou quatro pessoas e feriu mais de 120. Houve contaminação de diversas cidades e até mesmo do rio Danúbio, o segundo maior da Europa.
A intenção da pesquisa é fazer com que o tratamento desses resíduos da lama vermelha gere compostos pertencentes à classe das argilas, utilizadas para grande variedade de aplicações como a catálise química industrial, adsorção de poluentes ou compósitos emissores de luz. “O aproveitamento tecnológico de resíduos minerais é importante para diminuir significativamente os grandes depósitos de lama vermelha e, ainda, transformar o passivo ambiental em produtos rentáveis”, explica o coordenador do trabalho sobre a aplicabilidade da pesquisa.
Segundo Leitão, o financiamento desse tipo de projeto mostra a preocupação de grandes empresas com a cobrança do governo e da sociedade com relação às questões ambientais. E também deixa claro o amadurecimento das empresas brasileiras quanto à necessidade de desenvolvimento da área de ciência e tecnologia para solucionar problemas reais e que envolvem meio ambiente, saúde pública e, ainda, bilhões de reais.
“Companhias como a Vale S.A. estão formando seus centros de pesquisas próprios no Brasil e, simultaneamente, estão criando parcerias com os grupos de pesquisa estabelecidos em universidades. São dois movimentos necessários e que se complementam”, afirma o professor.
Rede de cooperação
Foi aprovada também pelo mesmo edital a “Rede de monitoramento de efluentes e aproveitamento tecnológico de rejeitos minerais – Remeatec”. Ela é formada pelo projeto da UFJF já citado e por outro trabalho desenvolvido pela Universidade Federal do Pará (Ufpa). “Cada um irá gerenciar seus próprios recursos com decisões de seus respectivos coordenadores, mas atuarão de forma colaborativa e harmônica”, esclarece Leitão.
A equipe da Ufpa fará o monitoramento de efluentes e resíduos e a preparação de novos materiais, enquanto que o grupo de pesquisa da UFJF planejará, por meio de cálculos, quais reagentes serão usados nos rejeitos minerais para que os compostos formados sejam os de maior interesse econômico. Como resultado do processo, poderão ser criados produtos finais empregados como catalisadores ou novos reagentes a serem utilizados como remediadores em outros processos de mineração.
O Grupo de Físico Química de Sólidos e Interfaces da UFJF conta com os professores Alexandre Leitão, Renata Diniz e Elena Konstantinova (do Ifet), além de seis estudantes de doutorado, três de mestrado e quatro de iniciação científica. Eles também trabalham atualmente em um projeto em parceira com a Petrobras.
Segundo o coordenador, os R$ 392 mil recebidos serão utilizados na compra de computadores de grande porte, em bolsas de pós-doutorado e mestrado, diárias e passagens áreas, livros e materiais de consumo.
Fonte: UFJF