A cidade não tem desempregados nem pedintes. Todo mundo trabalha. Seja no serviço público municipal ou na mineração. A renda média dos garimpeiros de Várzea é de R$ 1 mil.
A riqueza mineral de Várzea está toda na Serra do Poção, que tem cerca de 25 quilômetros de extensão e abriga uma das maiores reservas de quartzito do Brasil. O quartzito é uma rocha formada principalmente do quartzo (mais de 75% como ordem de grandeza), que é o mineral mais abundante da terra. A rocha é fria, não retém o calor do sol e é utilizada principalmente para revestimento de piscinas.
A qualquer hora do dia, mesmo com a temparatura de 40 graus no Sertão, a rocha não aquece. As principais jazidas de quartzito da Paraíba estão no subsolo de Várzea: 90% dos depósitos, que se estendem também por São Mamede (PB) e Ouro Branco (RN). Também são resgistradas ocorrências abundantes de quartzito em Junco do Seridó (PB), Parelhas (RN) e Ouro Branco (RN).
Com cerca de 2,5 mil habitantes, Várzea tem sua economia movimentada pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM), pelos salários dos aposentados do INSS e pela extração e beneficiamento de quartzito.
Hoje, Várzea emprega cerca de 800 pessoas na extração e no beneficiamentom do minério. “No município, não há desempregados, nem pedintes. Todo mundo trabalha”, disse o ex-prefeito de Várzea, Waldemar Marinho, conhecido como Demazinho, que é candidato a deputado estadual pelo PSB. Segundo ele, o quartzito emprega duas vezes mais do que a Prefeitura, que tem cerca de 350 funcionários.
Serra do Poção
“Somente na extração do minério, na Serra do Poção, trabalham entre 400 e 450 pessoas”, disse Demazinho. Os dados dele são confirmados pelo presidente da Cooperativa dos Garimpeiros do Município (Coopevárzea), Carlos Henrique Lopes de Melo. Segundo ele, outras 200 pessoas trabalham no beneficamento nas serrarias. E quatro indústrias de beneficiamento empregam mais 200 pessoas.
As empresas são de outros Estados e se instalaram em Várzea para o trabalho de corte e venda das pedras. As empresas compram dos garimpeiros, cortam, beneficiam e vendem. Os maiores mercados consumidores do quartzito de Várzea são as cidades de João Pessoa, Campina Grande, Natal, Fortaleza e Recife.
Mas a Cooperativa tem procurado expandir as vendas, participando de feiras fora da Paraíba, para difundir o produto. Há duas semanas, Carlos Henrique participou, em Florianópolis (SC), de uma feira. Ele levou amostras do quartzito de Várzea e a expectativa era de fazer bons negócios.
Renda mensal de R$ 800,00 a R$ 1 mil
A indústria de extração e beneficiamento de quartzito de Várzea movimenta algo em tono de R$ 400 mil por mês e a faixa média de rendimentos dos trabalhadores é de R$ 800,00 a R$ 1.000,00 líquidos. Cada trabalhador deixa 25% do que ganha com o dono da terra. No período do inverno, quando as minas são encharcadas pelas chuvas, os trabalhadores se dedicam à agricultura de subsistência. Plantam feijão, milho, batata-doce, jerimum, etc.
A extração de quartzito em Várzea já ocorre há 25 anos. Até agora, só foram extraídas pedras numa área de um quilômetros. Levando em consideração os 25 quilômetros de serra entre Ouro Branco e São Mamede, o presidente da Cooperativa avalia que as reservas são suficientes para mais de 100 anos de exploração.
A produção mensal de quartzito em Várzea é de 25 mil metros quadrados. Pelo menos 25 serrarias trabalham sem parar. Cada uma uma beneficia mil metros de pedras por mês. Cada metro de quartzito beneficiado é comercializado a R$ 15,00 em média.
Os garimpeiros que extraem a rocha na Serra do Poção vendem a produção a R$ 5,00 o metro. Com o beneficiamento, cada metro de quartzito varia entre R$ 14,00 e R$ 22,00 dependendo do tamanho. O tamanho médio de cada pedra é de 5 cm largura por 15 cm ou 30 cm de comprimento, com uma espessura de 1,5 cm. As pedras beneficiadas mais caras medem 20cm e 50cm.
O presidente da Cooperativa disse que a entidade ainda não tem a licença de lavra, mas apenas de pesquisa. “Já demos entrada no DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) com um pedido de licença para lavra e exploração. Com a licença em mãos, os nossos cooperados passarão de 50 para 200”, disse Carlos Henrique.
Ele disse que a Cooperativa tem recebido o apoio dos governo do Estado e Federal, através do Exército, Sudema (Superintendência de Administração do Meio Ambiente), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), UFPB (Universidade Federal da Paraíba), UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), UEPB (Universidade Estadual da Paraíba), CDRM (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais) e DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
Arranjo Produtivo
Também apoiam o projeto o APL (Arranjo Produtivo Local) do Quartzito da Paraíba e Rio Grande do Norte, INSA (Instituto Nacional de Semi-Árido), Cetem (Centro de Tecnologia Mineral), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Senai (Serviço Nacional de Aprendizado Industrial) e o Departamento de Geologia e Mineração da UFCG.
De acordo com o ex-prefeito de Várzea, os projetos elaborados para o APL estão sendo realizados mediante um convênio entre a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, INSA (Instituto Nacional do Semi Árido) e o Cetem, com a colaboração dos demais parceiros citados.
Fonte: Jornalismo com paixão