seg, 28/01/2008 – 12:44
Num lance de retomada, a mineração poderá render mais de R$ 1 bilhão em investimentos ao Rio Grande do Norte nos próximos três anos. A matéria-prima abundante, aliada à posição estratégica para exportação e incentivos fiscais disponíveis no estado, levaram gigantes como Votorantim, Tupi e Itagrés a retirar da gaveta projetos milionários, capazes de impulsionar além de desembolsos robustos, a geração de mais empregos, impostos, entre outras divisas em solo potiguar. Muitos deles são donos de jazidas. Os que não são, trazem novas perspectivas a empresários como João Leal, que, em Parelhas (a cerca de 240km da capital do RN), já pensa em triplicar a produção e em dobrar a quantidade de funcionários para atender a inédita e aquecida demanda.
Argila, caulim, feldspato, albita, calcita, bolomita e talco. Os minérios extraídos e moídos por Leal são vendidos, no Brasil, para as regiões Sul, Sudeste e Nordeste, menos no Rio Grande do Norte. ‘‘Não tínhamos clientes aqui, eles estão começando a chegar agora’’, diz o empresário, que também exporta para Argentina e Venezuela e começa a entrar na Europa. Ele tem jazidas nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, RN e Paraíba, seu estado de origem. A produção de matéria-prima chega a 15 mil toneladas/mês, sem contar com a massa cerâmica, que também produz para fornecer. Entre os clientes, fabricantes de porcelanato, pisos, azulejos, vidro e louças de mesa e sanitária.
A mineradora existente em Parelhas não é a única do empresário. Há outras duas, nos estados do Ceará e Paraíba, mas é no município potiguar que fica a matriz dos negócios, os quais, no ano passado, lhe renderam R$ 15 milhões em faturamento. ‘‘Com os novos clientes espero dobrar a cifra’’, planeja ele. De olho justamente em vantagens investidores de peso anunciaram ou negociam a implantação de unidades produtoras no RN.
O estado tem cerca de 60 recursos minerais com possibilidade de exploração econômica. Desse total, apenas 25, aproximadamente, estão no mercado, por terem quantidade suficiente e demanda garantida. Na lista de principais estão scheelita, sal marinho, petróleo e gás natural, caulim, feldspato, berilo, tantalita/columbita, calcário cálcio e magnesiano, rochas ornamentais, quartzito, argilas branca e vermelha, diatomita e gemas, como água marinha e turmalina – inclusive azul, a mais valiosa do mundo.
Indícios de que estariam ‘‘brotando’’ também esmeraldas levaram um empresário com tradição no ramo a adquirir direitos de exploração nos municípios de Lajes, Caiçara do Rio do Vento e São Tomé, com disposição de investir cerca de US$ 5 milhões no projeto, incluindo o valor necessário para levar o produto ao mercado. Atualmente 20 áreas estão sendo pesquisadas por ele.
Diante disso, o coordenador de desenvolvimento de recursos minerais da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Otacílio Oziel de Carvalho,, o virou carro-chefe da Agenda do Crescimento do governo, junto com o turismo e a construção civil.
Quando a governadora Wilma de Faria lançou o pacote de investimentos públicos e privados, no início de 2007, estimava-se que os projetos de mineração representariam R$ 150 milhões em investimentos, até o final da atual gestão. Ainda no ano passado a cifra extrapolou, com chances reais de superar R$ 1 bilhão em 3 anos.
Renata Moura
Da equipe de O Poti
Fonte: Diário de Natal