O Estado do Sergipe vem ganhando notável repercussão pelo trabalho realizado em APLs de Cerâmica Vermelha. Essa realidade é o resultado de um esforço conjunto entre instituições, empresas e profissionais. Nesse trabalho, a Secretaria do Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) vem desenvolvendo com comprometimento o seu papel em auxiliar o crescimento desse mercado. Para saber mais do trabalho lá desenvolvido a RedeAPLmineral conversou com a diretora técnica da Sedetec, Sudanês Pereira, que falou sobre as ações do setor, da secretária e da produção sergipana de Cerâmica Vermelha.
RedeAPLmineral: O setor de cerâmica vermelha em Sergipe vem crescendo a cada ano. Conte como esse acontecimento se tornou possível? E que trabalho deve ser realizado para dar continuidade a esse desempenho?
Sudanês – Com a instalação do Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais em 2007, a Secretaria de estado de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia – SEDETEC iniciou o trabalho com a organização das atividades produtivas inseridas em APLs. Entre os APLs priorizados pelo Núcleo de APLs estava o APL de Cerâmica Vermelha.
Em 2008 nós iniciamos efetivamente o trabalho com os APLs de cerâmica vermelha de Sergipe, que se concentram em três territórios do estado. Trabalhamos com a governança e com os parceiros que têm interface com a atividade para a construção do Plano de Desenvolvimento dos APLs. Foram realizadas diversas reuniões com a governança para discutir os problemas da atividade, sejam do ponto de vista tecnológico, ambiental, institucional, ou de infraestrutura. A governança se encontrava dispersa, sem coordenação e estratégia definida. As instituições trabalhavam de forma desarticulada. Com a organização dos APLs as demandas puderam ser resolvidas de forma conjunta. Houve convergência de esforços e recursos (humanos e financeiros). O papel do governo gerou mais responsabilidade com relação aos setores produtivos.
Um dos fatos importantes para o fortalecimento dos APLs de cerâmica vermelha em Sergipe foi uma reunião realizada em agosto de 2008 com os secretários de estado do Desenvolvimento Econômico (Sedetec) e do Meio Ambiente (Semarh), com os empresários e toda a governança do arranjo produtivo. Isso permitiu aos empresários colocar de forma aberta e democrática as demandas do setor.
Qual é o diferencial desses arranjos? A consciência de que as prioridades têm que ser compartilhadas. Por mais que existam divergências entre a governança, e isso é natural que aconteça, mas se existe alguma demanda que seja importante e prioritária para a atividade, ela é o fator principal para a união de esforços em favor do crescimento do arranjo produtivo local.
Outra característica dessa atividade em Sergipe é que a governança não é exercida por uma grande empresa. Existe o sindicato (Sindicer) e o Instituto Pró-Cerâmcia que são as duas grandes entidades deste setor em nosso estado. Os dois são parceiros da Sedetec.
Os desafios sempre existirão, nem sempre as demandas podem ser atendidas na sua totalidade. Estamos trabalhando para uma nova etapa com esses APLs: rediscutir as metas, ações e prioridades do Plano de Desenvolvimento com a governança. Precisamos traçar novas ações, discutir com a governança os novos desafios.
RedeAPLmineral: Em setembro (de 2012) a Sedetec junto a outras instituições lançou uma cartilha sobre a “Caracterização das Argilas Utilizadas na Produção de Cerâmica Vermelha no Estado de Sergipe”. Quais os principais benefícios na publicação de trabalhos como esse?
Sudanês – A cartilha permite ter o conhecimento das características das argilas dos APLs. Isso permitirá aos ceramistas saber exatamente que tipo de argila serve para determinados produtos, como pode utilizar as argilas para obter um produto de maior qualidade, etc. O propósito é que com essas informações se obtenha um produto final com as especificações tecnológicas adequadas, possibilitando ao fabricante redução de custos e aumento no valor agregado do produto.
As indústrias cerâmicas de Sergipe extraem argila de um grande número de depósitos naturais e têm apenas um conhecimento empírico dessas áreas. Com a cartilha, os ceramistas passam a ter maiores informações sobre esses depósitos.
RedeAPLmineral: A Sedetec já realizou parcerias com órgãos como o MCTI , CNPq, Cetem, entre outros. Qual a importância dessas articulações e quais são os próximos projetos a serem lançados através dessas parcerias?
Sudanês – A articulação com as instituições federais é de extrema importância, sejam com os ministérios, agências de fomento, institutos de pesquisa ou universidades. Temos um projeto a ser executado nas Olarias do Município de Itabaianinha, em parceria com o Sebrae, Senai, Universidade Federal de Sergipe (UFS), Secretaria de Inclusão e Desenvolvimento Social (Seides) e Sindicer. As indústrias de cerâmica vermelha estão no projeto do PEIEx e SIBRATEC para o ano de 2013. Ou seja, esse é um dos APLs que estamos sempre acompanhando e fazendo o possível para que ele tenha resultados concretos de desenvolvimento econômico e social.
RedeAPLmineral: Quais são as principais solicitações do mercado produtor de cerâmica vermelha em Sergipe? Hã muita diferença entre as reivindicações dos empresários das indústrias e dos pequenos produtores?
Sudanês – As demandas e reivindicações são parecidas, porém com algumas especificidades, o que é natural. As demandas giram em torno de apoio a adequação de fornos (O Banco do Estado de Sergipe – Banese – foi um parceiro importante para atender essa demanda), capacitações tecnológicas e de produção, enfim, são demandas que podem e deverão ser atendidas via Sibratec e também através da nossa parceria com a UFS e demais parceiros.
RedeAPLmineral: Como é realizado o trabalho de disseminação das informações sobre as matérias-primas tanto do ponto de vista geológico, como das características químicas e tecnológicas?
Sudanês – Esse trabalho é desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais/Codise, através da sua diretoria de recursos minerais.
RedeAPLmineral: O Estado do Sergipe possui uma programação (com eventos, feiras, seminários) onde se discuta e promova o mercado de cerâmica vermelha?
A equipe de arranjos produtivos locais da SEDETEC está trabalhando para organizar a reunião do grupo de trabalho do APL de cerâmica vermelha, e discutir com a governança as ações e atividades para 2013.
RedeAPLmineral: Qual o futuro do setor de cerâmica vermelha no Estado do Sergipe?
Sudanês – A atividade de cerâmica vermelha é importante para o estado, e isso reflete na postura do governo em priorizá-la na política de arranjos produtivos locais e na política de desenvolvimento industrial do estado. A atividade gera cerca de 2.061 empregos formais diretos (RAIS, 2010) e cerca de 6.200 empregos indiretos. Em 2010 a produção anual foi equivalente a 465 milhões de blocos (Pesquisa ITPS-CODISE-CETEM/2010).
É um setor que tem crescido substancialmente em Sergipe, tendo em vista a instalação de novas indústrias de cerâmica vermelha e de revestimento, com o total apoio do Estado. A tendência é que tenhamos um futuro promissor para essa indústria.
Fonte: Equipe de comunicação RedeAPLmineral