Entrevista: Roosevelt Tomé Silva Filho

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Observar e detalhar os conceitos e diferenças sobre a área de Arranjos Produtivos Locais, visando a sua estruturação e crescimento. Esse é um dos objetivos do trabalho realizado pelo consultor na UNESCO/IBICT, Roosevelt Tomé Silva Filho, novo integrante da Coordenação Geral da RedeAPLmineral.

Roosvelt já exerceu o cargo de consultor do Sistema de Gestão de Credenciados no SEBRAE Nacional, coordenador geral do Programa Macro Regional do Ministério da Integração, gerente de Monitoramento e Avaliação do Proformação do Ministério da Educação, entre outros. Em conversa com o Portal da RedeAPLmineral, Roosvelt fala da sua experiência como consultor e do trabalho a ser realizado na Rede. Acompanhe a entrevista:

RedeAPLmineral – O senhor vem exercendo o cargo de consultor já há alguns anos. Algumas instituições já contaram com os seus serviços. Fale um pouco sobre a sua trajetória.

Roosevelt – Sou consultor do SEBRAE na área de Inovação para sub-áreas de Polos Tecnológicos, Incubadoras, Gestão do Conhecimento, Tecnologia da Informação e Inteligência Competitiva. Atuo, junto ao SEBRAE, desde 2004 como consultor nessas áreas, desenvolvendo documentos técnicos para o Fórum Permanente da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, Agenda de Crescimento Econômico da Microempresa, Atuação do Sistema SEBRAE em APL com enfoque em Inteligência Competitiva, Prêmio de Registro Empresarial e Integração das Juntas Comerciais, Idéias de Negócio para 2014, entre outros.

Comecei no Itamaraty como consultor PNUD para o Programa Brasileiro de Promoção Comercial, na equipe de desenvolvimento, suporte e treinamento da BrazilTradeNet, Portal de Promoção Comercial do MRE. Após nove anos fui para o Ministério da Educação exercer a gerência de Monitoramento e Avaliação do Programa de Formação de Professores, um Programa do Banco Mundial, passei pelo Ministério da Fazenda, gerenciando um projeto de implantação do sistema de monitoramento físico-financeiro da Agenda de Desenvolvimento e Crescimento Econômico – PACE, um projeto também do Banco Mundial com o Governo Brasileiro.

Após essas experiências com promoção comercial, educação e implantação de sistemas de monitoramento,  comecei  na Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social – SECIS, do MCT, realizando análise de propostas de projetos e convênios, modelo de atuação do MCT no apoio a Inclusão Digital e implantação de Cidade Digital.

Nesse Ministério, coordenei a área de Inclusão Digital, gerenciei o Departamento de Ações Regionais e a Secretaria de Inclusão Social, período em que coloquei em prática alguns ensinamentos colhidos dos projetos anteriores, como capacitação, atuação em rede, inclusão digital, responsabilidade social, inclusão sócio produtiva e convergência social.

Este último, um misto de Arranjo Produtivo Local, Centro Vocacional Tecnológico e Inclusão Digital, pois conceitualmente a atuação de APL remete a aglomeração de empresas que cobrem determinada Cadeia Produtiva, em determinada região e que contribuem para o desenvolvimento regional e aumento da competitividade das empresas.

Nesse sentido, é evidente que o segmento econômico atendido no APL carece de núcleos de capacitação e gestão que podem ser oferecidos pelo Centro Vocacional Tecnológico (CVT) – projeto apoiado pela SECIS.

Complementando essa política de Convergência Social, temos os Centros de Inclusão Digital que agregam valor ao conjunto de soluções da Convergência, ao criarem ambientes de capacitação continuada através da educação à distância.

RedeAPLmineral – Como iniciou o seu trabalho no projeto de Gestão da Informação para o Observatório de APL?

Roosevelt – Quando Secretário da SECIS, fui procurado pela coordenação de Arranjos Produtivos Locais do Ministério da Indústria e Comércio Exterior para desenvolver um projeto conjunto MCT e MDIC, referente a Gestão do Conhecimento em APL.

Em 2010, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o Ministério da Ciência e Tecnologia, viabilizaram um projeto, executado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict, para implementação do “Sistema de Gestão do Conhecimento em APL – Observatório Brasileiro de APL”, corroborando a estratégia de disseminação da informação para os Arranjos Produtivos Locais.

A proposta evoluiu e foi desenvolvida uma plataforma integrada de Gestão de Conhecimento em APL – Observatório Brasileiro de APL – que permite o monitoramento e a gestão das informações e dos conhecimentos produzidos e disponibilizados pelos Arranjos, além de promover a interação entre os atores produtivos e instituições envolvidas nos aglomerados, possibilitando a geração de negócios, a troca sistematizada de informações entre os APL, a transferência de tecnologia e a disseminação dos resultados desenvolvidos regionalmente, bem como as melhores práticas e as lições aprendidas, representando atualmente o lócus ideal de repositório de dados e fonte de informação direcionada para Arranjos Produtivos.

RedeAPLmineral – Qual a importância dos APLs de base mineral no universo dos Arranjos Produtivos Locais?

Roosevelt – Os APLs de base mineral têm sido um aliado e grande colaborador na construção do Observatório de APL, pois sua organização e histórico de atuação em rede, corroboram com o entendimento de que a atuação dos arranjos deve explorar tal modelo.

O Ibict, instituição que abriga a coordenação da Rede APL de base mineral, é o parceiro tecnológico do Observatório, agregando saberes e expertise à solução proposta, consolidando sua atuação na gestão do conhecimento dos APL de base mineral e contribuindo com o GTP APL com suas bases de dados e modelo de atuação.

RedeAPLmineral – O senhor participou do X Seminário e do VII Encontro da Rede. Quais foram as suas impressões sobre os eventos?

Roosevelt – As palestras apresentadas no Seminário e no Encontro confirmaram a excelência  do setor e sua organização, ratificando sua escolha como exemplo e modelo para o Observatório de APL.

Entretanto, algumas dúvidas permaneceram, revelando a necessidade de uma maior proximidade dos atores de governo, Terceiro Setor e iniciativa privada, a fim de consolidar políticas públicas efetivas que possibilitem ganhos de competitividade ao setor no mercado doméstico e internacional.

Outro fator de grande relevância observado no evento foi a premiação de melhores práticas, que reconheceu o esforço e a capacidade daqueles que atuam em prol do setor de base mineral e buscam com afinco e perseverança, driblar os gargalos burocráticos e limitação de recursos para promover a inclusão sócio produtiva, visando ao desenvolvimento econômico e sustentável do setor.

RedeAPLmineral – Na sua visão, qual deve ser o caminho a ser tomado pela RedeAPLmineral em 2014? E qual será o seu maior desafio?

Roosevelt – A Rede APL de base mineral tem agora um grande desafio que é a institucionalização da Rede e sua inserção como política pública, conferindo maior autonomia de recursos e gerencial, possibilitando aos atores da Rede uma atuação direta, com orçamento definido e equipe dedicada a ampliação das ações de capacitação, inovação e gestão.

Um grande desafio, já acordado com o GTP APL é a validação do conceito de Inteligência Competitiva para arranjos produtivos locais, a partir da sua aplicação no APL de base mineral, através do tratamento da informação estratégica para a tomada de decisão, cuja coleta passa por várias fontes e tipos de dados e a análise é elaborada por diferentes especialistas. Envolve dados econômico-financeiros, de mercado, cenários, clientes e fornecedores, transformados em informação com valor agregado, para a tomada de decisão e, ao mesmo tempo, monitora as metas estratégicas dos APL.

Esse desafio pressupõe a existência de um projeto orientado para APL com enfoque em Inteligência Competitiva, o envolvimento de atores de governo, academia e iniciativa privada, a fim de mobilizar especialistas do setor capazes de produzir relatórios e produtos de inteligência que auxiliem no processo de tomada de decisão dos gestores de APL, empresários do setor e governo.

Por Victor Almeida, Comunicação RedeAPLmineral

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