A indústria que desenterra lucros

Notícias Gerais

sex, 21/09/2007 – 11:49

Um longo período de dificuldades chegou ao fim para a indústria da mineração. E o Paraná é um dos Estados que mais se beneficiam deste novo momento, graças à recuperação do agronegócio e da construção civil. Após dois anos de estiagem, a agricultura voltou a bater recordes, impulsionando a produção de calcário – material usado para corrigir solos. Já o boom imobiliário alavanca a venda de areia, brita, cal, entre outros itens. “Neste ano, o mercado interno de mineração está crescendo, após um período de estagnação da construção civil e de crise na agricultura do Sul. Apenas o minério de ferro mantinha-se bem cotado, mas a matéria-prima não é muito relevante para o Sul”, comenta Cláudio Grochowicz, coordenador do conselho setorial de indústria mineral da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

No Paraná, o ramo mineral é liderado pela produção de cal e calcário. Hoje, as duas matérias-primas representam 40% do PIB mineral do Estado e 6% do produto industrial. O carro-chefe é o calcário corretivo de acidez para a agricultura, cuja produção cresceu 20% em 2007. Nos cálculos de Grochowicz, o uso do calcário pode aumentar em 15% o rendimento agrícola de uma propriedade. “No Paraná, aplica-se apenas a metade do calcário que poderia ser utilizado. Se conseguirmos convencer a outra metade dos agricultores a adicioná-lo, há chances de inflarmos em até 7% o volume de grão gerados no Estado”, calcula o coordenador. O cimento, derivado do calcário e de maior valor adicionado, também está em evidência. Os paranaenses são responsáveis por 10% de toda fabricação de cimento do Brasil. Eduardo Salamuni, diretor-presidente da Mineropar – empresa estadual de pesquisa no setor – vê boas perspectivas para o mercado paranaense de minerais, mas aponta alguns gargalos – entre eles, a falta de areia. A demanda vem aumentando ao longo de 2007. “Precisamos descobrir novas jazidas. A principal reserva do Estado é a do Vale do Iguaçu, mas o local passa por um problema ambiental crônico. Se nada for feito, em dois ou três anos, faltará areia”, antevê o presidente.

Para debater esses e outros problemas do setor, nesta semana, Curitiba foi sede do 4º Seminário Nacional de Arranjos Produtivos Locais (APLs) de Base Mineral: Gestão e Desenvolvimento Sustentável. O Paraná foi representado pelos APLs de cal e calcário, os únicos arranjos do setor no Estado. Suas atividades estão concentradas na Região Metropolitana de Curitiba, principalmente nos municípios de Colombo, Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul, além das regiões de Castro e Ponta Grossa. “Hoje, o setor está mais organizado no Paraná. Há três anos, os APLs eram apenas uma idéia”, compara Salamuni.

Luiza Piffero

Fonte: Revista Amanhã

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