Prêmio Melhores Práticas – Edição 2022

Prêmio melhores práticas


1º Lugar

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE ROCHAS ORNAMENTAIS POR MEIO DA NORMATIZAÇÃO DO USO DOS FINOS DO BENEFICIAMENTO (FIBRO) EM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, SEGUNDO O MODELO DE ECONOMIA CIRCULAR

Monica Castoldi Borlini Gadioli (1) , Francisco Wilson Hollanda Vidal (2) , Mariane Costalonga de Aguiar (3) , Kayrone Marvila de Almeida (4) , Geilma Lima Vieira (5) , Maria Angélica Kramer Sant’Anna (6) e Carlos Maurício Fontes Vieira (7)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 – APL de Rochas Ornamentais do Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim, ES, Brasil – mborlini@cetem.gov.br, fwhollanda@gmail.com; maguiar@cetem.gov.br; kayronemarvila@gmail.com; mariaangelicaks@gmail.com; geilma.vieira@gmail.com; vieira@uenf.br.

Sobre o APL

Segundo a ABIROCHAS (2021) as exportações brasileiras de materiais rochosos naturais somaram US 1,34 bilhão e 2,40 Mt em 2021. O Espírito Santo é o estado que fica em destaque como um dos maiores produtores no País. A maior parte da produção de rochas ornamentais se encontra na região Sudeste do Brasil. Segundo ABIROCHAS (2020) o Espírito Santo é responsável por cerca de 40% da produção e por 80% da exportação brasileira de rochas ornamentais.

Na transformação do bloco em chapas na serraria são produzidos os resíduos finos do beneficiamento, que chamamos de FIBRO, gerando um passivo de 26% em volume de bloco. É estimado que no Brasil são gerados anualmente cerca de 2,5 milhões de toneladas de resíduos finos, dos quais somente no Estado do Espírito Santo são depositados em aterros associativos e particulares 2,0 milhões de toneladas. Assim, é estimado que no Brasil foram gerados nos últimos 10 anos mais de 25 milhões de toneladas dos resíduos finos. Além da quantidade considerável, o problema agrava-se visto que a maioria das indústrias não gerencia corretamente o manejo de seus resíduos. Desde meados da década de 1990 estudos a respeito da utilização dos resíduos gerados nos processos de beneficiamento das rochas ornamentais vêm sendo conduzidos a fim de analisar os produtos gerados com esse material (CALMON et al 1997) que é descartado a altos custos em aterros industriais.

Descrição da Prática

O estado do Espírito Santo é conhecido mundialmente pela alta produção e exportação de rochas ornamentais. A etapa de beneficiamento das indústrias de rochas ornamentais brasileira gera grandes quantidades de resíduos finos anualmente. É estimado que no Brasil são geradas 2,5 milhões de toneladas por ano. O Espírito Santo é responsável por cerca de 2 milhões de toneladas, que de acordo com esta estimativa durante os últimos 10 anos foram gerados pelas indústrias de rochas ornamentais capixabas cerca de 20 milhões de toneladas. Os resíduos são depositados em aterros, associativos e particulares, que em geral, até o momento existe apenas estudos para o aproveitamento dos mesmos, porém ainda não foram normatizados Esses resíduos são uma preocupação para os órgãos ambientais, sejam federal e/ou estadual. Foram mapeadas as indústrias de cerâmica vermelha, concreto e empresas de rochas ornamentais para atestar a logística de proximidade entre elas e comprovar o uso do resíduo sem a necessidade de transporte em grandes distâncias. Os testes industriais realizados mostraram que o resíduo pode ser sim utilizado nos artefatos de cerâmica e concreto. De acordo com o objetivo principal do projeto foram elaboradas duas propostas de instruções normativas para a utilização dos resíduos, sendo uma para a utilização em cerâmica e outra em concreto.

Resultados da Aplicação da Prática

O mapeamento das indústrias de cerâmica vermelha, concreto e empresas beneficiadoras de rochas ornamentais, mostrou que existe uma ótima logística de proximidade entre elas. Portanto existe sim a possibilidade de usar o resíduo sem obter um gasto a mais com transporte. O estudo ainda contabilizou que existe no Espírito Santo 61 indústrias de cerâmica vermelha em atividade, 42 aterros de resíduos de rochas ornamentais. Foram levantadas as principais e maiores empresas de rochas ornamentais e indústrias de artefatos cerâmicos. Vale ressaltar que não é o valor total, apenas as maiores. O resultado mostrou que o Estado possui aproximadamente 85 empresas beneficiadoras e 33 indústrias de artefatos de concreto levantadas para estudo.

Os testes industriais realizados, utilizando os resíduos na massa cerâmica, mostraram que possui viabilidade para aplicação. Os dados analisados foram positivos, o melhor resultado foi com a incorporação de 20% de resíduo na massa cerâmica. O produto final foi submetido a análise ambiental, sendo demonstrado que não é perigoso para a saúde humana. Os dados analisados contribuíram na elaboração da instrução normativa. As duas instruções normativas elaboradas, uma para o uso dos resíduos em
cerâmica e a outra para uso em concreto, ajudaram para entender melhor como utilizar o resíduo e quais procedimentos seguir.

Conclusões

Os testes industriais foram satisfatórios. O produto criado utilizando resíduos de rochas ornamentais apresentou em alguns casos maior resistência e menor absorção de água do que o produto sem o resíduo. Isso devido os resíduos melhorarem a plasticidade da massa cerâmica e atuarem como fundentes durante o processo de queima do artefato
cerâmico. Com a incorporação dos resíduos e a temperatura de queima mais elevada, foi possível observar um melhoramento nas propriedades tecnológicas das peças cerâmicas. Isto ficou comprovado que em temperaturas mais elevadas e com o incremento dos resíduos, as propriedades tecnológicas obtiveram uma melhora significativa,
consequentemente, há uma melhoria no produto, tornando o mais competitivo no mercado. Por fim, foram elaboradas duas instruções normativas em parceria com o IEMA, para determinar os padrões e características específicas para a utilização dos resíduos finos do beneficiamento de rochas ornamentais em artefatos de cerâmica vermelha e concreto. As instruções normativas colaborarão para o uso sustentável dos resíduos e para a inserção do APL na economia circular. Estes documentos serão publicados e estarão disponíveis para toda a comunidade técnica e científica, bem como para os profissionais e empresários ligados aos setores produtivos.


Agradecimentos



2º Lugar

Sobre o APL



3º Lugar

Sobre o APL


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