Sustentabilidade na mineração é tema de fórum em Belo Horizonte

Notícias Gerais

Empresários e gestores de grandes empresas do setor mineral, representantes do Estado de Minas Gerais e de diversos municípios que têm na atividade sua principal atividade econômica e lideranças de movimentos sociais e de entidades de classe participaram, no dia 22 de outubro, do Fórum Ambiental 2013 – Mineração Sustentável.

O evento foi realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), em Belo Horizonte (MG), por iniciativa da organização governamental Zeladoria do Planeta. O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM – www.ibram.org.br), o Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), a Vale S.A. e a Revista Ecológico apoiaram o evento. 

Em pauta, a discussão sobre um dos temas de maior repercussão no 15º Congresso Brasileiro de Mineração, realizado entre os dias 23 e 26 de setembro no Expominas, em Belo Horizonte. Mais que desafio para o setor, a sustentabilidade é prática que, uma vez incorporada à cultura das empresas da indústria mineral, denota o compromisso com a responsabilidade socioambiental e corporativa, ainda, a preocupação com a redução dos impactos negativos da exploração de bens minerais.

As mudanças no setor quanto à aplicação prática do conceito de sustentabilidade é fato inegável e, incentivado pelo IBRAM, já tendo sido bastante absorvido pelo setor mineral brasileiro. Estudos técnicos e práticas modernas para a gestão de barragem de rejeitos, para o planejamento de fechamento de minas e, ainda, de recuperação de áreas mineradas  desenvolvidos pelo Instituto já foram amplamente incorporados às práticas do setor.

Mesmo assim, o debate proposto pela Zeladoria do Planeta é pertinente e necessário, principalmente para informar aos demais públicos com os quais a mineração deve dialogar que a sustentabilidade é uma realidade para o setor mas que ainda há muito a ser feito. “Mineração sustentável é possível”, reconheceu o Diretor-Presidente da ONG, Fernando Benício.

O Diretor Administrativo do Sindiextra, Cristiano Parreiras, lembrou que o conceito de sustentabilidade, aplicado à atividade mineral, visa compatibilizar o uso de recursos naturais finitos sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

“Ser sustentável representa estar aberto para o novo. Isso se encaixa perfeitamente no setor mineral, que está sempre pronto para discutir, melhorar seu sistema produtivo e reduzir os impactos ambientais de sua operação para potencializar os valores que gera para a sociedade”, enfatizou. O dirigente também elogiou a conduta do Estado que tem sido um parceiro e interlocutor do setor mineral na busca das melhores práticas e ações de compromisso socioambiental.

O Vereador Pablo César (PV/MG) resgatou a importância do setor mineral para Minas Gerais. “Como gestores públicos, sabemos que o meio ambiente deve ser respeitado durante todo o processo de exploração mineral”, pontuou.

Já o Secretário Estadual Adjunto de Meio Ambiente, Danilo Vieira Jr., destacou que a atividade mineral faz parte da origem de Minas Gerais, do seu presente e do futuro de forma positiva, como indutora de crescimento econômico e social. Ele adiantou que, a revisão do modelo de licenciamento ambiental, um dos problemas enfrentados pelo setor mineral, irá reduzir os prazos para instalação das operações. “A mineração, hoje, é diferente, pois está voltada para a sociedade”, afirmou.

O Secretário Adjunto Municipal de Meio Ambiente, Vasco Araújo, ressaltou a importância econômica da atividade mineral e destacou que ações de sustentabilidade são contrapartidas obrigatórias do segmento. “Hoje sabemos que o que tiramos temos que repor com qualidade para o futuro”, considerou.

O primeiro palestrante do evento foi o Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, que representou o Diretor-Presidente do IBRAM e do Sindiextra, José Fernando Coura. Ele apresentou dados do setor e enfatizou que a atuação da entidade, que congrega 226 empresas que representam 85% da produção mineral brasileira, tem tido na sustentabilidade um de seus focos.

“O Instituto desenvolve diversos trabalhos de pesquisa nas áreas de gestão de recursos hídricos, saúde e segurança ocupacional, capacitação para gestão de barragens de rejeitos entre outros. Há ainda o programa de capacitação sobre barragem de rejeitos no Infomine, em português, desenvolvido pelo IBRAM”, enumerou. O Guia de Fechamento de Minas, em parceria com o DNPM, também foi adotado pelas mineradoras.

Outra frente de trabalho do IBRAM é a construção contínua de uma imagem positiva do setor mineral.  “Nossa preocupação com a sustentabilidade pode ser comprovada por diversos projetos como é o caso do Inventário de Práticas para a Gestão para a Sustentabilidade, que foi apresentado em 2012 durante a Rio+20”, apontou.

Na última década, o setor experimentou crescimento de 550% na produção em função da demanda chinesa. O segmento é o maior investidor privado nacional com 34,88% dos aportes nacionais realizados. Entre o período de 2012 e 2017 serão mais US$ 75 bilhões dos quais US$ 46,032 bilhões para o minério de ferro. Minas Gerais receberá o maior volume de recursos.

Para corrigir a defasagem de potássio, um dos insumos básicos dos fertilizantes, serão aplicados mais US$ 7,8 bilhões para gerar crescimento superior a 700% na produção, a partir de 2016. Para cada emprego direto gerado, há 13 indiretos, o que reafirma, segundo Mancin, a importância da mineração.

Em Minas Gerais, a atividade está presente em mais de 250 municípios. O secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável de Congonhas do Campo, Thales Gonçalves Costa, relatou a experiência da cidade que, de atração turística, passou a ter na atividade mineral sua principal atividade econômica, a partir de 2002. “Como a demanda por minério cresceu muito rápido, a cidade não teve como se planejar em médio prazo. Agora estamos revendo tudo e refazendo o que ficou para trás nesse período”, relatou.

O Ex-ministro de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, foi o único palestrante a abordar o marco regulatório, que está em análise pelo Congresso Nacional. “O projeto de lei deveria falar mais claramente sobre sustentabilidade. A minha sugestão é um capítulo especifico sobre esse tema”, destacou. Para ele, o governo ainda não reconheceu o esforço do setor mineral para atingir os níveis de sustentabilidade.

Ainda conforme Carvalho, a sustentabilidade pressupõe políticas públicas em diversas áreas para estimular a mineração. “Há uma falsa percepção de achar que sustentabilidade é só prática ambiental. Ela depende mais da política econômica que da política de meio ambiente propriamente dita”, analisou.

A política de proteção dos mananciais de água do Estado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) foi o tema da palestra da Presidente Marília Carvalho de Melo. O setor mineral usa 11,8% da água de superfície, um percentual considerado alto. Mas ela reconheceu que as empresas do ramo têm buscado soluções sustentáveis para reduzir o uso do recurso, bem como garantir a boa qualidade da água. Entre 2011 e 2012 houve grande melhora, mas o desafio ambiental das mineradoras continua”, ressaltou.

Executivos de Meio Ambiente e Sustentabilidade de diversas empresas que têm operações em Minas Gerais também participaram do Fórum. Gabriel Bandeira, Relações Institucionais da Ferrous, reafirmou o compromisso de sustentabilidade da empresa com o Brasil há 40 anos. A Vale S.A., representada pelo seu Gerente de Meio Ambiente, Rodrigo Dutra Amaral, apresentou iniciativa da companhia de adotar algumas das áreas de preservação ambiental, em um trabalho complementar ao que é realizado pelo governo. Ele usou, ainda, a tecnologia 3D para promover um passeio sobre algumas delas.

O Gerente Geral de Desenvolvimento Sustentável da Anglo American, José Roberto Centeno, foi o último palestrante do evento. Ele disse que a empresa já tem, definidos, procedimentos para a gestão da água e da energia elétrica que estão sendo usados. “Já estamos tratando do fechamento e do pós-fechamento da mina e ela ainda nem começou a operar”, concluiu.

Fonte: Ibram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *