Setor de mineração ainda inova pouco, apontam especialistas

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As empresas do setor mineral podem e devem investir mais em pesquisa e desenvolvimento. Especialistas convidados para o 2º Seminário sobre Inovação em Geologia, Mineração e Transformação Mineral (Inovamin), realizado no dia 10 de junho, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), reforçaram a necessidade de o Brasil enfrentar e superar esse desafio.

Para o coordenador-geral de Serviços Tecnológicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Jorge Mario Campagnolo, a solução requer o envolvimento do setor privado. “Se quisermos inovação, nós nunca podemos deixar de olhar o mercado, porque a interação entre institutos de pesquisa e empresas é indispensável”, afirmou. “Hoje, somos um país com habilidade de transformar dinheiro em conhecimento, ciência e tecnologia, mas temos dificuldade de transformar conhecimento em dinheiro, em inovação.”

Com o seminário, a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI (Setec) busca difundir a cultura da inovação nas empresas e nos institutos de pesquisa. O Ministério de Minas e Energias (MME), o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCTI) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI/MDIC) também participam da organização do evento.

Segundo o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, Carlos Nogueira, o Brasil tem 15.864 companhias de diversos portes no setor. “Desse total, somente 28 empresas buscaram os incentivos fiscais da Lei do Bem, um instrumento fantástico de redução de custos e despesas”, disse.

Nogueira informou que o governo federal deve enviar ao Congresso nacional ainda em junho a nova proposta de marco regulatório para exploração dos recursos minerais.

Competitividade

Um levantamento da CNI aponta que o setor mineral investe 0,2% de seu faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento. “Esse número me deixou absolutamente preocupado”, avaliou o diretor de Inovação da entidade, Paulo Mól. “Isso tem um impacto fundamental na produtividade e na competitividade nacionais. Para ganhar o jogo no cenário mundial, é preciso mais esforço”.

Mól comparou indicadores da produção brasileira. “Somos a sexta economia do mundo, mas, sendo o 48º país em competitividade, esse posto está seriamente ameaçado. Um país que quer crescer e se descobrir precisa ter foco em produtividade e competitividade”.

Na avaliação dele, nenhuma empresa ou país inova por inovar, como um fim em si mesmo. “Inovação é um meio para se aumentar a produtividade e, consequentemente, a competividade. Na verdade, um país é formado por suas empresas. A partir do momento que as empresas começam a ficar mais produtivas e competitivas, o país fica mais produtivo e competitivo.”

O diretor da ABDI, Otávio Camargo, recordou que o Plano Brasil Maior tem um conselho de competitividade voltado à indústria da mineração. “O colegiado reúne governo, setor privado e trabalhadores, para estabelecer uma agenda estratégica setorial”, explicou. “Essa agenda tem como objetivo fortalecer a cadeia produtiva brasileira, de um lado, e incentivar as atividades de inovação tecnológica, de outro.”

De acordo com o embaixador da Austrália em Brasília, Brett Hackett, empresas da Oceania têm manifestado interesse em investir no país. “O setor mineral brasileiro tem uma história muito boa para contar, uma história que um crescente número de empresas australianas está começando a entender”, avisou. “Queremos fortalecer nossas relações bilaterais em pesquisa e inovação, desenvolvendo e explorando novas tecnologias para benefício mútuo.”

Fonte: Jornal da Ciência

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