Quebrar tabus, superar dificuldades e conquistar o reconhecimento profissional. Esses são os desafios diários das mulheres, que desde o início do século XX iniciaram uma série de mobilizações para conquistar o direito de voto, a participação política e seus direitos trabalhistas. Após mais de um século de conquistas, ainda encontram-se áreas nas quais a participação feminina é um tabu. No entanto, essas amarras vêm se desfazendo no mercado de trabalho e segmentos, como os da mineração, antes exclusivamente masculino, ganham a participação ativa do público feminino.
Este crescimento de trabalhadoras na mineração será destaque da segunda edição do Anuário Mineral do Pará, que será lançado pelo Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral), no próximo dia 14, no Espaço São José Liberto.
Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) mostram que houve um crescimento de 8,20% de mulheres em postos de trabalho, desde dezembro de 2011. A filósofa francesa Simone de Beauvoir dizia que “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Sendo assim, essas mulheres estão constantemente buscando o reconhecimento profissional, mostrando que são capazes de operar caminhões, tratores, empilhadeiras, máquinas de grande porte e fazer o “serviço pesado”.
Para a operadora de empilhadeiras, Lauriana Guimarães, o essencial é não ter medo e estar sempre se reciclando profissionalmente, pois há espaço para todos e todas. A questão da discriminação social de gêneros está se diluindo, segundo ela, uma vez que as trabalhadoras têm uma capacidade de dialogar que as favorece na hora de se inserirem neste tipo de trabalho.
DIFERENCIAL
A qualificação é apontada como o diferencial, na opinião da geóloga de mina, Rose Rodrigues. Ela conta que, na década de 1980, a presença feminina era escassa nas turmas de formação: em uma turma de 30 alunos, por exemplo, havia apenas cinco mulheres. Hoje, metade das turmas é composta por alunas. “Vejo que conquistamos um espaço significativo. Os homens, principalmente os mais novos, estão adaptados à ideia de ter mulheres em cargos superiores – o importante é mostrar o potencial que temos”, destaca Rose.
As operadoras, geólogas e engenheiras que colocam o capacete e trabalham dentro das atividades operacionais também apontam como fator relevante as oportunidades concedidas pelas empresas. “Nesse momento, muito mais importante que a força é a qualificação, é buscar o conhecimento e se atualizar”, acredita Claudilene Alencar, que opera equipamentos em uma mineradora de Paragominas.
Fonte: Diário On Line