O ano de 2012 será mais um período de altos preços para o minério de ferro no mercado transoceânico. Apesar da preocupação com a dimensão que a crise na Europa pode tomar, a expectativa é de crescimento de 5% da produção de aço na China neste ano, o que vai elevar a demanda. Por outro lado, os impasses ambientais que envolvem a implantação de novos projetos de mineração de alta capacidade instalada no Brasil e no mundo indicam que a margem entre oferta e demanda permanecerá apertada, garantindo a valorização da matéria-prima, com impactos positivos para a balança comercial do Brasil e de Minas Gerais.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) revisou para baixo a expectativa de produção de minério de ferro do país neste ano. Serão 44 milhões de toneladas a menos, volume superior à produção da maior mina de ferro do país, a N5, em Parauapebas, no Pará, que tem capacidade de 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. Previa-se uma produção de 516 milhões de toneladas no Brasil em 2012, mas o menor ritmo na execução dos investimentos reduziu a meta para 470 milhões.
O analista de mineração e siderurgia do Banco Geração Futuro, Rafael Weber, lembra que os preços voltaram a subir em janeiro, após forte queda no último trimestre de 2011, quando chegaram a US$ 120 por tonelada. Neste mês, a tonelada se manteve acima de US$ 130 e, na segunda-feira (9), estava cotada a US$ 140. “Se não houver uma redução muito forte no ritmo de crescimento do mundo, o preço pode ter novamente uma forte valorização”, observa.
A redução dos preços foi verificada nas exportações de Minas Gerais e do Brasil. O volume de minério de ferro exportado em dezembro de 2011 ficou praticamente estável na comparação com o mês anterior, mas as receitas foram menores. Foram 27,5 milhões de toneladas embarcadas no período, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), contra 27,6 milhões de toneladas em novembro. No último mês de 2011, as exportações foram equivalentes a US$ 2,7, bilhões, ante US$ 3 bilhões um mês antes.
Em Minas, as exportações foram de 16,6 milhões de toneladas em dezembro ante 15,9 milhões de toneladas em novembro. A receita oriunda dos contratos internacionais foi de US$ 1,6 bilhão em dezembro contra R$ US$ 1,7 bilhão no mês anterior. Desta forma, mesmo com alta de 4,4% no volume exportado em dezembro, o valor das exportações foi 5,8% menor.
O consultor e ex-presidente da Vale, Francisco Schettino, avalia que, mesmo com grandes projetos de minério de ferro sendo desenvolvidos na África, eles não terão condições de ofertar o insumo siderúrgico já neste ano. “As análises ainda dependem do comportamento da Europa. Caso se confirme um cenário negro, o consumo vai cair. Mas como não há nova oferta de minério, isso ajuda a segurar os preços, mesmo em um cenário menos favorável”, diz.
Na Guiné, na África, vários projetos esbarram na legislação ambiental e na logística ineficiente. No Brasil, o projeto Apolo, da Vale, em Minas, e o Serra Azul, no Pará, também enfrentam impasses ambientais. Em Congonhas, as expansões da CSN e da Namisa também podem ser inviabilizadas a partir do tombamento da serra onde a empresa explora o minério de ferro.
Fonte: Hoje em Dia