Vale pode explorar terras-raras

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A Vale S/A poderá explorar jazidas de terras-raras em Minas Gerais. A companhia realiza estudos em ritmo acelerado no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba. O Estado possui potencial para ser um dos principais produtores do país.

As terras-raras são 17 elementos químicos parecidos, como monazita, loparita e laterita. Geralmente estes minerais ocorrem juntos na natureza e são insumos para diversos produtos, como equipamentos eletrônicos, superímãs, fertilizantes e combustíveis. As pesquisas estão em andamento em Araxá, Uberlândia e Uberaba. De acordo com o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, em entrevista à imprensa, a Vale deverá entrar no segmento de terras-raras, uma vez que ele é um mercado estratégico para a empresa. O executivo ordenou que os estudos, que também são feitos em Goiás, fossem acelerados.

Atualmente, a demanda global por estes minerais é atendida basicamente pela China, que detém 96% deste mercado. O consumo anual no mundo é de aproximadamente 120 mil toneladas por ano.

No Brasil, não há exploração atualmente, conforme o diretor de Inovação do Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo (IPT), Fernando Landgraf. Ele explicou que as operações que existiam no país foram paralisadas na década de 90 em virtude dos preços baixos praticados pela China, o que inviabilizou o segmento.

Estima-se que no Brasil esteja uma das maiores reservas de terras-raras do planeta. Segundo Landgraf, os estados com grande potencial de exploração são Minas Gerais, Goiás e Amazonas.

A demanda pelos minerais está em alta e deverá crescer ainda mais nos próximos anos. O especialista explicou que entre os principais usos das terras-raras está a construção de superimãs, componentes para a fabricação de micromotores, utilizados em computadores.

Além disso, os ímãs também são utilizados na fabricação de geradores em parques eólicos, mercado que deverá crescer até 10 vezes nos próximos nove anos. Outra utilização que poderá apresentar incremento, conforme Landgraf, é na indústria automotiva, uma vez que o superimã é também componente na produção de motores a propulsão elétrica.

Outras aplicações das terras-raras são a produção de catalisadores para gasolina, fabricação de lâmpadas LED brancas e na indústria de fertilizantes, em menor escala.

Complexidade – Apesar da demanda, o diretor do IPT explicou que a produção destes insumos é complexa e tem alto custo. Conforme ele, o minério possui apenas 2% de terras-raras, que deve ser separado. Após este processo, elementos radioativos também devem ser separados e estocados.

Geralmente as jazidas contam com os 17 elementos químicos que compõem as terras-raras. A terceira etapa compreende separar apenas o elemento que será utilizado para a produção do metal. A última fase, já metalúrgica, corresponde à redução do óxido do elemento químico utilizado até a transformação do metal. Segundo o especialista, a venda do insumo também pode ocorrer em uma das fases intermediárias, antes da produção do metal.

Na opinião do diretor do instituto, caso a Vale conclua que a exploração de terras-raras é viável economicamente no país, poderá atrair o interesse de investidores para a retomada da produção.

Ainda segundo Landgraf, após medidas adotadas pelo governo chinês para organizar a produção, houve uma redução da oferta das terras-raras. O cenário resultou em uma escalada de preços. Neste ano, os valores negociados aumentaram cinco vezes em apenas seis meses. “Os preços estão fora de qualquer patamar”, disse.

Fonte : Diário do Comércio

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