Hoje Mato Grosso é o terceiro produtor de ouro, com 8 toneladas ano, o primeiro em calcário corretivo de solo, com 5 milhões ton/ano e o quarto em outros minérios. Esses são alguns dos números que foram passados ao governador Silval Barbosa que recebeu em audiência, nesta sexta-feira (25.02), os representantes das principais mineradoras e pesquisadores do setor mineral, durante a realização do seminário “Mineração no Estado de Mato Gross o”, uma realização da Metamat em parceria com a Associação dos Geólogos Mato-grossenses (Agemat).
“Recebemos os empresários que estão investindo em Mato Grosso e já estão produzindo ou pesquisando nos mais diversos segmentos. O potencial mineral de Mato Grosso é extraordinário em todas as regiões. Hoje somos o quarto produtor de minérios do país e, certamente, quando viabilizarmos a logística do Estado, principalmente no modal ferrovia, passaremos a ser o maior produtor de minérios do Brasil”, afirmou o governador Barbosa após as audiências com os empresários.
Silval Barbosa disse que os empresários expuseram a suas demandas, principalmente em logística, que é a prioridade também do governo. O governador analisa que assim que consolidar o projeto Ferrovia Centro Oeste os demais modais, como a hidrovia, também será viabilizada. A produção de minérios em grande escala exige uma logística para escoamento da produção em hidrovia e ferrovia por conta dos custos.
O empresário Carlos Bertoni, diretor presidente da Mineração Apoena, considerada a maior mineradora de ouro de Mato Grosso, com uma produção de 3 ton/ano, e um dos maiores empregadores com carteira de trabalho assinada, com 1.200 empregos diretos, é responsável pela operação de duas minas, uma em Vila Bela da Santíssima Trindade e outra em Nova Lacerda. O empresário narrou ao governador que a empresa Apoena é a guardiã da tradição mineral de Mato Grosso, pois essas duas minas foram descobertas no século 18, pelos portugueses.
Carlos Bertoni alertou o governador para a questão da faixa de fronteira de 150 km. A legislação brasileira prevê que empresas que se instalam dentro dessa faixa – além das licenças normais juntos aos órgãos do setor do Departamento Nacional de Produção Mineral – no caso de mineradoras dependem de uma autorização do Conselho de Defesa Nacional (CDN), um órgão ligado à presidência da República. Para nomear – por exemplo – um diretor no conselho de administração da empresa tem que ter autorização do CDN. Segundo ele, essa burocracia segurou os investimentos na área e hoje, se tiver que investir na região, ele vai pensar duas vezes.
O outro ponto passado ao governador foi quanto a questão da mão-de-obra. Mato Grosso enfrenta hoje uma concorrência de grandes obras civis que estão sendo construídas em Rondônia. Como a região na qual estão instaladas as minas é de tradição agrícola há uma dificuldade em encontrar mão-de-obra qualificada para o setor industrial. Segundo o empresário o governador Silval Barbosa ficou sensível às demandas.
O empresário Juvenil Tiburcio Félix, da IMS Engenharia Mineral – que desenvolve o projeto Ferro e Manganês nos municípios de Juína – Juara – disse que o principal pleito apresentado ao governador Silval Barbosa foi a questão da logística. Ele disse que sugeriu os modelos de logísticas hidrovia e ferrovia além do minerioduto – porém este último tem o inconveniente de servir apenas para o minério. “O governador está extremamente sensível à questão”, disse. O projeto ferro e manganês está em fase de pesquisa e para começar a produzir precisa dessa logística.
O diretor de Exploração Mineral da Votorantim Metais, Jones Belther, falou do projeto Aripuanã Níquel que a empresa desenvolve no norte do Estado. A Votorantim assumiu o projeto em 2004 e, segundo Belther, o projeto é viável mas falta infraestrutura em transportes, leia-se ferrovia, para o transporte de grandes volumes de minérios. Uma das alternativas citadas durante a audiência foi a construção de um ramal até a Transoceânica. Silval Barbosa se mostrou sensível e disposto a trabalhar junto ao governo federal para viabilizar essas obras. A Votorantim se colocou à disposição do governo. Essa mina quando em operação – segundo os moldes brasileiros – deve gerar em torno de 800 empregos diretos e em torno de 2.500 indiretos. “Essa quantidade de empregos vai proporcionar um salto de qualidade de vida e o desenvolvimento da mão-de-obra”.
Além do seminário, a Associação dos Geólogos Mato-grossenses (Agemat) empossou a nova diretoria da entidade que tem a frente como novo presidente André Molina. O geólogo André Molina disse que a intenção é estreitar ainda mais o relacionamento com o governo de Mato Grosso para poder dar continuidade aos projetos da entidade.
Segundo ele, a Agemat encomendou estudos com relação ao PIB e renda per capta e mostra que Mato Grosso tem hoje produção de 30 bilhões de toneladas de grãos e o setor mineral pode produzir algo como 45 bilhões de toneladas ano; gerar mais de 50 mil empregos diretos e promover um incremento de 10% do PIB de Mato Grosso e no espaço de 15 anos dobrar a renda per capta de Mato Grosso.
Fonte: Primeira hora