O meio ambiente foi o maior vencedor da noite do Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente 2008, realizado no último dia 27 em Goiânia. Foram oito as categorias avaliadas na noite: urbanismo, imprensa, produção agronômica, produção limpa, meio ambiente rural, educação ambiental, saneamento e geologia e minas. Nesta última categoria, o agraciado foi o ceramista Amado Olimpio Rosa, dono da cerâmica Santo Antônio, localizado no norte do estado de Goiás.
A cerâmica Santo Antônio é membro da Associação dos Ceramistas do Norte do Estado de Goiás (Asceno) e participa também do Arranjo Produtivo Local Cerâmica Vermelha do Norte Goiano. Esse APL é um dos 27 APLs de base mineral apoiados pelo GTP-APL e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A cerâmica Santo Antônio recebeu a premiação de Geologia e Minas com a boa prática de recuperação ambiental de área lavrada. O empresário Amado Olimpio Rosa resolveu encarar a questão da recuperação, aplicando a piscicultura nas cavas lavradas e o plantio de árvores frutíferas em volta delas. A empresa aplicou essas ações em cinco cavas do município de Mara Rosa, no norte do Estado. “Acho importante que se divulguem ações como as que nós conseguimos implementar aqui para mostrar que existe uma consciência para a preservação e a exploração racional”, conta Amado.
Segundo o Superintendente de Geologia e Mineração da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás, Luiz Fernando Magalhães, o exemplo de recuperação realizado em Mara Rosa pode servir de modelo para outras cerâmicas do país. “Devem existir diversas empresas no país em situação similar a de Mara Rosa. Acho que poderíamos utilizar ferramentas como a RedeAPLmineral para disseminar essas boas práticas e mostrar a esses produtores que existem alternativas viáveis”, afirma. Luiz Fernando disse ainda que vai procurar a Coordenação Geral da RedeAPLmineral para ver a melhor forma de modelar e disseminar a boa prática.
Para o coordenador do APL, Belmonte Amado Cavalcante, o ambiente construído entre os diversos parceiros públicos e privados na região, permitiu gerar um fluxo constante de troca de informações e experiências entre diversos parceiros públicos e privados. Segundo Belmonte, o trabalho dos técnicos e especialistas contratados pelo APL para realizarem os estudos técnicos necessários foi fundamental para o desenvolvimento do APL. Além da recuperação da área lavrada, os gestores do APL Cerâmica Vermelha do Norte Goiano resolveram abordar a questão da utilização de insumos para a queima em seus fornos. “A utilização do eucalipto como matriz para os fornos das cerâmicas tem ajudado a diminuir o impacto ambiental na vegetação local”, conta Belmonte.
Segundo o ceramista e presidente do Comitê Gestor do APL Cerâmica Vermelha do Norte Goiano, Walter Nunes, “o espírito de trabalho conjunto que prevalece na Asceno é que ajuda a associação a superar barreiras”. Contente com os resultados das ações para dirimir os impactos no meio ambiente, o empresário lembra que a recuperação ambiental é apenas um dos temas de trabalho dentro do APL, e que os produtores estão trabalhando insistentemente para melhorar a produtividade, buscar novos produtos e mercados e promover treinamentos. Segundo Walter, o próximo passo da Associação é a certificação dos produtos do APL pelo Inmetro.
Melhor Prática
A cerâmica Santo Antônio implementou a recuperação de cinco cavas de argila abertas em área do município de Mara Rosa-GO, extremo norte do Estado. Presentes numa área de aluvial, os responsáveis resolveram implementar práticas de recuperação das áreas, que comumente são abandonadas após serem exauridas. Foram cinco as áreas recuperadas por meio da piscicultura (criação de tilápia e outros peixes) e também com a recuperação da vegetação com a plantação de árvores frutíferas e gramado.
As cavas foram lavradas em depósitos aluvionares, com nascentes próximas a área de exploração. Essa condição facilitou o acesso à água viabilizando a atividade da piscicultura. Arvores frutíferas foram plantadas visando a recuperação da flora e a sustentabilidade da atividade, já que os frutos podem servir de alimentação para os peixes.
Como a preocupação inicial dos proprietários era a recuperação ambiental, não se têm planos para qualquer tipo de exploração comercial da área. Pesque e pague ou um parque recreacional são aventadas como opções possíveis para a sustentabilidade do local.
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Fonte: RedeAPLmineral