Todos concordam que mães são jóias preciosas. Seria, então, esse o motivo que leva grande parte dos filhos a optar por presenteá-las com jóias no Dia das Mães? Seria esse o ‘dia das jóias’, em duplo sentido?
Se considerarmos o movimento das pequenas fábricas de jóias folheadas a ouro e prata de Guaporé, município da Serra Gaúcha localizado a 199 quilômetros de Porto Alegre, certamente o Dia das Mães também poderia receber essa denominação.
A pouco mais de uma semana da data, a segunda mais importante para o Arranjo Produtivo Local (APL) de Jóias Folheadas de Guaporé depois do Natal, empresários e trabalhadores das 40 fábricas apoiadas pelo Sebrae no Rio Grande do Sul e instituições parceiras vivem um dos melhores e mais promissores períodos do ano.
Equipes das pequenas fábricas se revezam em turnos prolongados para atender a demanda por brincos, anéis, pingentes, pulseiras e colares. Em Guaporé existem cerca de 150 empresas e empreendimentos da cadeia produtiva de jóias folheadas, que atendem clientes de todas as regiões do País.
Na Qualitá Jóias, por exemplo, a produção está 10% maior do que nos dias que precederam o Dia das Mães do ano passado. “Optamos por fazer hora extra ao invés de contratar mão-de-obra temporária”, afirma Ivanir Lavaretti, sócia-diretora da fábrica com 14 anos de atividades e, no momento, 85 funcionários. A equipe está trabalhando das 7h às 21h, com intervalos para almoço, lanches e jantar, de acordo com a empresária.
Para o Dia das Mães, geralmente a fábrica lança entre dez e doze novos modelos. Este ano o carro-chefe das vendas tem sido o conjunto de brinco, gargantilha e pingente com zircônia e pedras brasileiras.
“Vendemos no atacado para lojistas de todo o Brasil e temos uma loja em Guaporé”, informa Ivanir. Além de folheadas a ouro e prata, as peças agregam pedras do pólo mineral de Soledade (RS), onde ágata e ônix são abundantes. “Só vendemos peças próprias”, ressalta.
As vendas são feitas por representantes em cada unidade da Federação. “Brasileiro ainda não compra pela internet. Temos catálogo eletrônico e site, mas valem mais para clientes do exterior”, diz a empresária. O mostruário da Qualitá Jóias possui dois mil itens. No momento, a fábrica está abrindo o mercado europeu, por meio da Espanha.
Brincos grandes e leves
“Peças leves para mães modernas”, assim Nilso Zortea define a linha de jóias ocas, em liga mais leve, em ouro e prata, que sua fábrica, a Zortea Jóias, está produzindo sem parar para atender a demanda crescente do Dia das Mães. “É uma linha diversificada, que segue a tendência atual da moda. No momento, isso significa brincos grandes”, esclarece o empresário.
O fio mais fino e laminado fez com que os brincos demandados pelo mercado ficassem 25% mais leves do que há três anos, quando costumavam pesar até quatro gramas cada um. “O brinco grandão não pode pesar na orelha e se tornar desconfortável”, argumenta.
Atualmente essas peças são o principal produto da Zortea Jóias. Os brincos grandes e leves têm formas de círculos, quadrados e retângulos. “Viajo pelo mundo todo, fazendo prospecções e coletando tendências”, revela Nilso. “Não estou conseguindo atender a demanda. Estamos trabalhando na capacidade total da fábrica”, revela.
O segredo do sucesso da Zortea Jóias deve-se à mão-de-obra qualificada, que possibilita inovar sempre e de acordo com nichos de mercado, segundo o empresário. “Podemos criar linhas de produtos com boa aceitação”, afirma. Atualmente a fábrica de Nilso gera 20 empregos diretos.“Optei por terceirizar nas facções”, diz ele. A Zortea Jóias só vende para lojistas e no atacado.
Antes de partir para a própria fábrica, fundada há oito anos, Nilso conta que foi representante. “O APL de Jóias Folheadas de Guaporé é uma escola. Ao invés de ir à faculdade, aprendo o que preciso nas capacitações, feiras, viagens e consultorias do arranjo”, elogia.
Excursões de compradores
Para André Girelli, diretor da Girelli Jóias, o movimento está 40% acima da média durante o ano. Em relação ao Dia das Mães do ano passado, a produção de sua fábrica está 5% maior. “Trabalhamos com contra-pedidos de todo o Brasil”, explica o empresário.
A Girelli Jóias está no mercado desde 1975, conta com 70 funcionários atualmente, e só vende no atacado. A fábrica dispõe de apenas uma loja própria em Guaporé, onde vende para lojistas. A marca produz jóias folheadas a ouro 18 quilates e prata 950, adicionadas com pedras brasileiras, zircônia e brilhantes.
André conta admirado que a cidade está recebendo excursões de compradores. “É a primeira vez que isso está acontecendo. Como o dólar está baixo, muita gente acha melhor vir até aqui para comprar”, observa. Geralmente as vendas do APL são feitas por representantes nos estados e Distrito Federal. “Também vendemos pela internet, mas a maior parte das vendas ainda é feita por representantes”.
Ele atribui o bom momento do APL de Jóias Folheadas de Guaporé ao mercado interno. “A demanda interna é suficiente para movimentar os negócios do pólo”, afirma. As exportações para países da América do Sul e América Central, entre eles os Estados Unidos, estão começando a ocorrer. “Mas é a demanda interna que compensa”, enfatiza o empresário.
Vocação imigrante
A vocação produtiva de Guaporé teve origem na arte e no ofício do imigrante italiano João Pasquali, o primeiro ourives radicado na região, por volta do ano de 1900. Ele produzia artesanalmente em ouro, alianças de noivado e casamento para futuros casais.
Ao ensinar o ofício aos seus ajudantes, começou a formar mão-de-obra especializada em joalheria em Guaporé. Em 1909, Pasquali fundou a empresa Irmãos Pasquali e Cia Ltda. Atualmente a marca da empresa de jóias e equipamentos especializados do segmento, produzidos em escala industrial, se chama Pasli (www.pasli.com.br ). A quarta geração de descendentes do fundador dirige a empresa.
Vários ex-ajudantes e ex-empregados de Pasquali abriram seus próprios empreendimentos, com o passar dos anos. Hoje Guaporé é pólo e referência nacional na produção de jóias folheadas a ouro e prata.
Segunda vocação
Além de jóias folheadas a ouro e prata, Guaporé também sedia um Arranjo Produtivo Local (APL) de Moda Íntima. Há cerca de 90 empresas e empreendimentos nesse setor na cidade, geradores de mais de 1,6 mil empregos diretos. No ranking da economia local, as pequenas confecções de lingerie ficam em segundo lugar, depois das fábricas de jóias folheadas.
Da interação entre as empresas dos dois APL surgem produtos diferenciados, como sutiãs e calcinhas com alças e detalhes banhados a ouro, bordados com pedras semi-preciosas, strass etc.
O Sebrae/RS apóia tanto o APL de Jóias Folheadas quanto o APL de Moda Íntima de Guaporé. No primeiro arranjo, a Instituição está presente desde 2005. Entre as principais ações desenvolvidas junto às fábricas de jóias destacam-se: ações de mercado (nacional e internacional); desenvolvimento de equipamentos; gestão ambiental; tratamento dos resíduos das fábricas; melhoria de processos; inserção de pedras das jazidas gaúchas nas jóias folheadas, tais como ametista, ágata, citrino e cristal, entre outras.
Serviço:
Qualitá Jóias – (54) 3443-9200 e www.qualitajoias.com.br
Zortea Jóias – (54) 3443.3132 e www.zorteajoias.com.br
Girelli Jóias – (54) 3443.8000 e www.girelli.com.br
Sebrae no Rio Grande do Sul – (51) 3710-1697
Liane Klein, gestora do projeto APL Jóias Folheadas de Guaporé – (54) 9971-1832
Agência Sebrae de Notícias – (61) 3348-7494 e (61) 2107-9362
Por Vanessa Brito
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Agencia Estado
Fonte: Tribuna do Interior