INOVAÇÃO: Nova Cultura, nova mentalidade

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O município de Ametista do Sul (RS) se destaca como o maior produtor mundial de ametista. E por muito tempo os mineradores da região retiravam os geodos utilizando o método da ‘extração a seco’, pelo fato de se encontrar em lavras a céu aberto.  Em meados dos anos ’70, quando surgiu a necessidade de se procurar a rocha abaixo da superfície, os mineradores locais começaram a extração em galerias subterrâneas. A extração a seco em ambiente fechado e pouco ventilado começou a surtir efeito nos ‘marteleiros’, como são conhecidos os trabalhadores dessas minas, e em pouco tempo começaram a aparecer vários casos de uma doença silenciosa e muito perigosa: a silicose. Provocada pela aspiração do pó de silíca– resultante da extração a seco da rocha- a silicose ataca o aparelho respiratório, em especial o pulmão, e está associada a outras enfermidades como câncer de pulmão, insuficiência renal e aumento do risco de tuberculose pulmonar, além de doenças do colágeno.

A silicose já respondia por mais de 500 baixas no estado inteiro, em 2004, quando o consultor da RedeAPLmineral, José Ferreira Leal, chegou ao RS. Cerca de 70 mineradores estavam na fila para o transplante de pulmão e havia centenas de casos dramáticos. “O problema se arratava há 30 anos, e era resultado da forma tradicional de exploração passada de geração a geração”, explica José Leal. “Precisávamos mudar a mentalidade dos produtores, criar uma nova cultura de trabalho”, relembra.  Os consultores da RedeAPLmineral resolveram, então, introduzir duas novas práticas já amplamente conhecidas no setor mas que não eram utilizdas na área: a extração a úmido e o uso de ventiladores nas minas subterrânes.  A extração a úmido utiliza a injeção de água no martelete pneumático, que em pequenas quantidades praticamente elimina a poeira suspensa no ambiente das galerias subterrâneas. A técnica já foi comprovada por inúmeros estudos e testes, que apontam a diminuição da emissão de finos contendo sílica em cerca de 95%.

A necessidade de enquadramento dos garimpos às legislações ambientais, minerais e de saúde e segurança ocupacional acelerou o processo de mudança. Atento as benesses que as novas técnicas poderiam trazer o presidente da Cooperativa de Garimpeiros do Médio Alto Uruguai Ltda (COOGAMAI), Delmir Potrich, resolveu implementar as novidades, e se surpreendeu com os resultados. “A produção melhorou e as condições de trabalho também tiveram mudanças substanciais”, lembra Delmir. Assim que a notícia se espalhou na região, outros garimpeiros se interessaram e logo as novas técnicas foram amplamente disseminadas. Atualmente, dos 180 garimpos ativos da COOGAMAI, cerca de 70% já utilizam a extração a úmido e ventiladores nas suas minas. Estudos para implementar a técnica nas lavras restantes já estão em curso. “Não inventamos nada, apenas aplicamos técnicas já bastante conhecidas numa região que estava bastante defasada”, explica o engenheiro de minas responsável, Anderson Oliveira. Com as novas técnicas a emissão de particulados em suspensão das minas foi drasticamente reduzida, preservando a saúde dos garimpeiros e aumentando a produtividade da atividades locais.

por: Claudio Almeida

Jornalista da RedeAPLmineral

Fonte: RedeAPLmineral

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