O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) propôs a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial para discutir um programa de desenvolvimento da cadeia produtiva de terras-raras, considerada estratégica para o país. O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras-raras, com 22 milhões de toneladas. Embora se aproxime da autossuficiência na produção, o país não fabrica equipamentos de alta tecnologia à base de terras-raras, como ímãs de alto desempenho, usados nos geradores de energia eólica, e catalisadores para o craqueamento do petróleo, que transforma o óleo bruto em gasolina e gás de cozinha, por exemplo.
“Temos que dominar por completo a cadeia produtiva de terras-raras de modo a não vendermos o minério em estado bruto, mas os produtos intermediários e finais, como óxidos, catalisadores, ligas e imãs permanentes”, defendeu o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Alvaro Prata.
Ele participou nesta quinta-feira (15) de uma reunião com os secretários de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia (MME), Vicente Lobo, e de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Igor Calvet, o diretor do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), Fernando Lins, e representantes da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Na reunião, foram discutidos os investimentos já feitos em pesquisa e desenvolvimento e as ações necessárias para avançar e implantar a cadeia produtiva de terras-raras no Brasil, o que significa domínio tecnológico de processos, produtos, bens e serviços; capacitação; e desenvolvimento de fornecedores de bens e serviços para todos os elos da cadeia.
“O objeto do plano estratégico é a diversificação da matriz mineral brasileira e, nesse sentido, precisamos avançar para a mineração do futuro, que não será mais medida em toneladas, mas em quilos”, afirmou o secretário Vicente Lobo.
Ele ressaltou ainda a necessidade de investimentos em transformação mineral, que é a etapa de agregação de valor ao mineral bruto extraído das minas, para avançar no mercado internacional desenvolvendo produtos finais.
“É importante a integração entre as instituições de ensino e pesquisa que detém conhecimento na cadeia produtiva de terras para otimizar os recursos e esforços”, destacou o diretor do Cetem, Fernando Lins.
O que são
São considerados terras-raras os elementos que apresentam propriedades semelhantes, sendo que 15 deles são do grupo dos lantanídeos – lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio e lutécio. Completam o grupo o escândio e o ítrio. As maiores reservas do Brasil estão nos estados de Minas Gerais e Goiás.
Desde a década de 1980, o mercado de terras-raras é dominado pela China, que detém hoje 89% da produção mundial. Em 2010, o governo brasileiro iniciou uma série de ações para avançar na implantação da cadeia produtiva no país. O alerta surgiu quando a China elevou o preço desses minerais.
O MCTIC já investiu R$ 11 milhões em políticas públicas, editais e parcerias público-privadas para o desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre terras-raras. Além disso, o programa Inova Mineral, da Finep e do BNDES, dispõe de R$ 1,18 bilhão para estimular a cadeia produtiva de minerais estratégicos “portadores de futuro”.Fonte: MCTIC