Mineração clandestina coloca em risco área de preservação

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São 7h da manhã e os caminhoneiros já fazem fila à espera da retroescavadeira que retira o minério do terreno e enche suas caçambas. Em princípio, não teria nada de errado nessa cena que se repete em diversas partes do Estado. O problema é que nesse caso o minério é retirado dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Sul, no bairro residencial de Água Limpa, em Nova Lima, na região metropolitana. E não há licença ambiental. A atividade está transformando a paisagem local. Onde a vegetação encobria os terrenos, agora há apenas buracos que revelam o solo rico em ferro.

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A reportagem de O TEMPO acompanhou a extração irregular por dois dias e constatou que o trabalho é feito à luz do dia, sem placas com o nome da empresa responsável nem informações alertando sobre os riscos incluídos em uma área de mineração. Se trata de uma extração sem licença, que explora a matéria-prima sem avaliação do impacto ambiental, sem autorização do governo federal e, consequentemente, sem recolher impostos. Os responsáveis sequer se incomodam com as casas vizinhas a menos de 100 m de onde o minério é retirado.

Os moradores do bairro afirmam que a atividade começou em setembro do ano passado e, desde então, cerca de 50 caminhões carregados deixam o local diariamente. A atividade irregular não é uma novidade na região, e as autoridades ambientais do Estado informaram que têm conhecimento desses problemas, mas encontram dificuldades para conseguir combater a extração ilegal.

Fiscalização. O comandante do 3º Pelotão da Polícia Militar Ambiental, responsável pela região, tenente Luiz Siqueira, explica que são muitas as denúncias de exploração irregular em Nova Lima, mas que é difícil conseguir o flagrante. Conforme Siqueira, o grupo que exerce a atividade irregular faz rodízio das áreas mineradas e conta com sistemas de comunicação que alertam a chegada da fiscalização.

“Eles atuam em vários pequenos lotes e criam postos de vigilância na entrada dos bairros de forma que conseguem avisar quem está na extração quando há qualquer sinal de fiscalização. Muitas vezes quando chegamos ao local não há mais ninguém, só área minerada vazia”, explicou. Há dificuldade também com a extensão da área a ser fiscalizada. “Contamos com quatro policiais por dia para fiscalizar cinco municípios”, disse.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, responsável pela fiscalização, está ciente dos problemas e disse, em nota, que trabalha para tomar as medida cabíveis. O órgão informou que entre 26 de março e 4 de abril foram registrados três boletins de ocorrência contra empresas irregulares na região. Não há informações sobre multas.

Trajeto

Extração. O minério é extraído de terrenos no bairro de Água Limpa, em Nova Lima, e colocado em carretas que em seguida pegam a BR–040 até o Anel Rodoviário. De lá, o caminhão pega a BR–040 no sentido Sete Lagoas.

Destinação. O caminhão segue até uma empresa em Sete Lagoas, onde é pesado e depois enviado para outra empresa que trabalha no beneficiamento e revenda de minério.


Fonte: Jornal O Tempo

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