Brasil sente falta de engenheiro que seja líder e fale inglês

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 A dificuldade das empresas para contratar engenheiros persiste, ainda que o número de graduados na área esteja crescendo no país. Há entraves na qualificação de profissionais, falta de capacitação para gestão e de domínio do inglês.

De acordo com o Ministério da Educação, 44.775 pessoas concluíram o curso de engenharia em 2011, uma alta de quase 50% em relação a 2006. Como eles são considerados coringas, preparados para assumir cargos desde a construção civil até a área financeira, encontrar um bom candidato é cada vez mais complicado.

Jade Carvalho, consultora da DMRH, afirma que as especialidades mais escassas são engenheiros elétricos, eletrônicos, metalúrgicos e de materiais, já que poucos se formam nessas áreas. O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) aponta ainda a falta de pessoal nas áreas de gás e petróleo, mineração e tecnologia da informação.
Com o boom do setor de construção, a Copa do Mundo e a Olimpíada, houve também um aumento na procura por engenheiros civis, que hoje representam quase um quarto dos estudantes. “Mas sabemos que a pessoa leva no mínimo cinco anos para concluir o curso, até mesmo um pouco mais. É uma formação demorada”, lembra Carvalho.

O que falta

Entre as principais deficiências dos candidatos destacam-se a falta de conhecimento de softwares específicos de cada área, como programas de simulação e planejamento, visão de viabilidade econômica de projetos e principalmente a especialização em negócios.

“Faltam gestores com habilidades de administração de pessoal”, ressalta Reginaldo Lúcio Carlos de Medeiros, gerente de desenvolvimento de processos minerais da Vale Fertilizantes.
Luiz Roberto Cardoso, superintendente da área de recursos humanos da construtora OAS, lembra que a disponibilidade para mudança pode ser um fator importante numa contratação. “Trabalhar e viver em lugares diferentes da sua origem é uma realidade da carreira.”

Diante da falta de profissionais, as empresas buscam alternativas

Medeiros conta que, como a oferta de engenheiros de minas é pequena, muitos das especialidades química e metalúrgica são contratados para as posições menos específicas no setor de mineração.

A Vale tem ainda uma parceria com a Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto), que oferece o programa de especialização em fertilizantes para funcionários da empresa e engenheiros recém-formados interessados na área.

Maria Carolina Rangel, gerente de recrutamento e seleção da construtora Andrade Gutierrez, cita ainda a falta de informação dos próprios candidatos como um empecilho para a contratação.

“Uma construtora atrai muitos engenheiros civis, mas tenho muita dificuldade para encontrar os de mecânica, elétrica e de segurança do trabalho justamente porque essas pessoas não nos procuram. Elas esquecem que são muito importantes em uma obra”, afirma.

Para enfrentar a ausência de bons profissionais, é cada vez mais comum que as empresas invistam desde a graduação em seus futuros contratados. Rangel conta que a empresa criou, ainda em 2008, um programa de estágio para formar equipe e evitar a falta de mão de obra na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

“Mandamos os estudantes para grandes obras de usinas em outras regiões do país, para que eles ganhassem experiência e alcançassem o nível júnior a tempo do início da construção em Belo Monte, em 2011.”

Fonte: Folha de São Paulo

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