“A resposta é a infelicidade da pergunta. O que importa são as perguntas. São elas que nos perturbam e provocam”. Com esta afirmação, o economista e ecologista Sérgio Besserman abriu o último Fórum do 41º Encontro Nacional nesta sexta-feira, 17, em Campo Grande/MS. Professor de economia da Puc-Rio e presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro, Besserman diz não gostar do título de ambientalsta que lhe foi atribuído. “Não sou adepto ao bom selvagem, nem digo que a vida no passado era melhor ou que o desenvolvimento e a industrialização são ruins. Penso exatamente o oposto”, afirmou.
O objetivo da palestra, intitulada “O desenvolvimento Sustentável e a História no Século XXI”, era conscientizar os cerca de 800 congressistas presentes que o mundo está à beira de um colapso e que se não mudarmos nossa mentalidade já, enfrentaremos graves problemas.
“Nós que vivemos no planeta Terra nos dias de hoje temos uma grande pergunta em mãos: conseguiremos nos desenvolver sustentavelmente? Ninguém pode nos responder isso”, lamentou o economista. Besserman diz que precisamos promover uma imensa transformação em todas as áreas, econômica, social, política e também no pensamento humano. Segundo suas palavras, algo do porte do Renascimento.
O professor analisa que o que realmente está em jogo hoje não é a proteção ao meio ambiente nem o futuro do planeta, mas a sobrevivência do homem, e que este é o momento em que precisamos atingir a nossa maturidade.
Besserman lembra que a humanidade passou por três grandes crises mundiais: 1863, 1929 e 2008, e que ainda estamos vivendo a última crise, sem a certeza se estamos no início dela, no meio ou no fim. “Até hoje não enfrentamos nenhum dos problemas que geraram a última grande crise. O que explodiu não foi uma bolha imobiliária, mas a super bolha dos últimos 25 anos, em que acreditamos que o mundo era um paraíso e que a vida não tinha um preço”, afirmou. O professor enfatizou ainda que os próximos 20 anos, tempo necessário para a reconstrução dos mercados após a crise atual, deverão também ser anos de transição mundial para uma economia de baixo teor de carbono. A questão levantada por Besserman é como sair de um modelo de energia fóssil para outro mais sustentável. Uma das possíveis saídas, segundo ele, é a instituição de uma taxa de emissão de gases poluentes – quem emite, paga.
E se despediu do público com uma provocação aos cientistas que desacreditam nos problemas que estão sendo causados pelo aquecimento global: “opinião de cientista não é ciência. Para ser ciência, precisa ser publicada, questionada, devidamente sustentada. Se a opinião deles é essa, eu também tenho uma opinião: acho que o Ronaldinho Gaucho deveria voltar a jogar no Flamengo”, disse Besserman arrancando risos da plateia.
Fonte: Anicer