Nova corrida ao subsolo de Minas Gerais leva a indústria à procura de jazidas minerais de alto valor na fabricação de equipamentos com forte conteúdo tecnológico, a exemplo dos metais de terras raras, lítio, cobalto, tântalo, zircônio, nióbio e insumos para fertilizantes, os chamados minerais/metais portadores do futuro. Termômetro do avanço da pesquisa nessas áreas, aumentou a demanda de grandes e pequenas empresas do setor para ter acesso ao resultado do mapeamento geológico básico mais recente realizado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do estado (Codemig) em parceria com o Serviço Geológico do Brasil – CPRM, e que será concluído até dezembro.
As perspectivas de exploração são tão promissoras que o governo estadual já admite a possibilidade de participar como sócio da iniciativa privada na pesquisa mineral, na forma de instrumento para induzir investimentos, revelou Paulo Sérgio Machado Ribeiro, subsecretário de estado de Desenvolvimento Mínero-Metalúrgico e Política Energética. “Podemos trabalhar, no futuro, com uma política específica para esses minerais em que o estado se associe na pesquisa às mineradoras com o objetivo de valorizar outras cadeias da indústria mineira, como eletrônica, de fertilizantes, automobilística e de siderurgia”, afirmou o subsecretário.
A iniciativa tem como inspiração a participação do estado, por meio da Codemig, na pesquisa de gás natural na porção mineira da Bacia do São Francisco. O governo participa do Consórcio Cebasf, que anunciou, recentemente, a viabilidade comercial da exploração do insumo em Morada Nova de Minas, na Região Central mineira. O grupo é formado pela Codemig, Orteng Equipamentos e Sistemas, Delp Engenharia e Imetame.
Considerados estratégicos depois da Segunda Guerra Mundial, como suprimentos para a reconstrução do mundo desenvolvido, esses minerais, agora, voltam ao mesmo status, mas em função do seu uso na indústria da inovação tecnológica. Em comum, a pesquisa sai favorecida pela escassez de reservas combinada à alta dos preços dos metais no mercado internacional. Aplicados na produção de componentes de eletrônica avançada, superimãs e fibras óticas, entre outros usos, os metais de terras-raras alcançaram cotações de US$ 150 mil por tonelada neste ano, ante o modesto preço de US$ 5 mil por tonelada praticado no começo dos anos 2000.
Poderio chinês A valorização sinaliza para a oportunidade que os países produtores têm de explorar as terras raras em substituição às importações. A China é o maior produtor do mundo, controlando 95% da oferta desse insumo, um conjunto de 17 elementos químicos com característica semelhante aplicados na fabricação de equipamentos eletrônicos, superimãs, fertilizantes e combustíveis. O consumo mundial de terras-raras é de 120 mil toneladas por ano. O levantamento aerogeofísico conduzido pela Codemig e o Serviço Geológico do Brasil em Minas desde 2006 já indicou ocorrências de minerais de terras-raras principalmente no Triângulo e Alto Paranaíba, onde há ocorrências também de pirocloro, mineral do nióbio, e no Sul de Minas.
O mesmo mapeamento identificou potencial de minerais dos quais podem ser obtidos metais como lítio no Norte de Minas. Mais conhecido no negócio das baterias de longa duração, o lítio é aplicado nas indústrias de medicamentos, espacial e nuclear. O desafio da exploração desses minerais escassos e caros é enorme, conforme observa o consultor José Mendo Mizael de Souza, presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (AC Minas). Ele observa que tanto as empresas como os países produtores terão de enfrentar esse desafio, que, no caso brasileiro, foi incluído no Plano Nacional de Mineração 2030, lançado este ano pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Fonte: O Estado de Minas