Entrevista: Marcelo Sampaio Falcão

Notícias Gerais

Rede Brasileira de Informação dos Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral – Quais as expectativas para o VIII Seminário Nacional de Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral e V Encontro da RedeAPLmineral?

Marcelo Falcão – As expectativas são as melhores. De 4 a 7 de outubro de 2011, a cidade de Campina Grande no Estado da Paraíba, acolherá os participantes de todo o país  com a cordialidade que lhe é característica e seus atrativos. Acreditamos que na oitava edição do Seminário Nacional e o V Encontro da RedeAPL  veremos os avanços alcançados pelo setor durante o ano assim como as dificuldades que permanecem a espera de soluções. O Brasil na sua economia crescente, mesmo com a presente crise de alguns países da Europa, prepara-se para grandes eventos a exemplo da Copa do Mundo em 2014, as Olimpíadas em 2016 e outros grandes eventos que estão programados para o país, tendo em vista apresentar um quadro promissor de desenvolvimento. Neste cenário, é cada vez maior a demanda por grandes volumes das mais diversas substâncias minerais. Portanto, nós que trabalhamos no setor mineral precisamos fortalecer os APLs de base mineral, levando ações concretas, entusiasmo e confiança a todos os atores, e perseguindo a tão necessária sustentabilidade no setor, acrescentando que para o êxito desta conquista todos são peças fundamentais no processo.

RedeAPLmineral –  O que esse evento conjunto traz de novo com relação aos anteriores?

Marcelo – Além do tema Associativismo e Cooperativismo que será apresentado em seis painéis, que tratam sobre Políticas Públicas específicas, tecnologias apropriadas, gestão, impactos ambientais, assistência técnica ao pequeno produtor, e principalmente o acesso a crédito, o formato do evento que este ano, proporcionará debates com maior tempo e a Mostra com 20 (Vinte) expositores e Rodada de Negócios com as Instituições Financeiras e os pequenos produtores minerais. Finalizando, a visita ao município de Várzea/PB também será um diferencial, conheceremos mais uma ação concreta onde o Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econômico – SETDE e o SEBRAE/PB em parceria com o Governo Federal, CETEM/MCT, UFCG e CDRM, realizam trabalho na pesquisa para desenvolvimento de um método de lavra que minimize os desperdícios, além da tecnologia já desenvolvida pelo CETEM/MCT com empresário João Bosco Marinho da Tecquímica, para o aproveitamento dos resíduos da lavra de quartzito na produção de argamassa e também na elaboração de novos produtos de revestimentos utilizando-se novas tecnologias com os resíduos de quartzito.

RedeAPLmineral – Quais foram os atores locais e nacionais que apoiaram a realização desses eventos da RedeAPLmineral?

Marcelo – Primeiro queremos destacar a determinação do Governo do Estado da Paraíba, através do comprometimento do Secretário da SETDE, Renato Feliciano, e o envolvimento do Presidente da CDRM, Geraldo Nobre, tornando essa missão uma prioridade. Quanto aos parceiros, destacamos a participação importante do Vice Coordenador do SEBRAE/PB, Marcos Magalhães, além da FIEP/SENAI, a UFCG, o INSA, bem como da Prefeitura Municipal de Campina Grande. Estas Entidades, juntas, dispensaram o apoio imprescindível à realização de nosso Seminário; já a nível nacional, os Ministérios, MCT, MME, MDIC, MI/SDR, além do SEBRAE/NA, CNI, Bradesco e o Banco do Nordeste – BNB.

RedeAPLmineral – Em sua opinião, o evento conjunto dará maior visibilidade ao segmento mineral da região?

Marcelo – Com toda a certeza. A realização do VIII Seminário e o V Encontro da Rede, dois eventos de maior relevância para o fortalecimento dos APLs de Base mineral, neles teremos a oportunidade de reunir no auditório da FIEP em Campina Grande/PB representantes das instituições Federais, Estaduais, além da cadeia produtiva da mineração em pequena escala, debatendo e buscando, de forma conjunta, soluções para os grandes gargalos. Uma oportunidade de trabalharmos as grandes questões do Seridó PB/RN, onde mais de 10.000 famílias atuam na atividade de extração, beneficiamento e comercialização e, também, dos demais Estados da Federação. Lembremos que este será o ambiente adequado para também cobrarmos o fortalecimento das entidades estaduais de mineração, como no nosso Estado a CDRM/PB, todas com grande responsabilidade de executar em parceria com outros órgãos, ações que promovam desenvolvimento do setor da pequena mineração, e também a Assistência Técnica ao Pequeno Produtor Mineral, a exemplo do que acontece na política agrícola voltada para fortalecer a agricultura familiar.

RedeAPLmineral – Qual importância do tema do evento “Associativismo e Cooperativismo: desafios para o alcance da sustentabilidade dos APls de Base mineral”?

Marcelo – Em nosso prisma, acreditamos que o associativismo e o cooperativismo são uma saída para os milhares de brasileiros que trabalham na atividade informal da mineração, causando impactos ambientais e grandes riscos a sua segurança e saúde. O setor mineral contribui com 4,2% do PIB e a pequena mineração no Brasil atinge percentual acima de 70%. Partindo dessas premissas, acreditamos nas ações da Rede APL Mineral, onde estão inseridos os parceiros que trabalham a política mineral nos três níveis, voltada para o pequeno produtor, além de disseminar informações, por meio de eventos, como os seminários. Essas ações devem proporcionar os meios necessários ao pequeno produtor de iniciar uma atividade empreendedora de forma sustentável, bem como de ter chances de permanecer no mercado. Na realidade, estamos tratando de um problema social, onde precisamos por meio de ações adequadas, resgatar famílias da atividade ilegal e predatória ao meio ambiente, proporcionando geração de ocupação e renda, afinal, estamos tratando dos recursos minerais não renováveis, riquezas que deveriam promover o resgate social com a melhoria da qualidade de vida.

RedeAPLmineral – A segurança do trabalho no segmento da mineração ainda é um grande desafio? O que poderia ser feito para diminuir os acidentes?

Marcelo – É um desafio que precisamos enfrentar com ações concretas. Fazer parcerias com o Centro de Referencias em Saúde do Trabalhador – CEREST, o SEBRAE, o CT Mineral da FIEP/SENAI, o Ministério Público do Trabalho e outros Centros de Capacitação e Treinamentos, com a promoção de cursos, palestras e oficinas de trabalho nas várias temáticas com o pequeno produtor mineral, mostrando a importância das normas voltadas à sua segurança no trabalho e a saúde ocupacional, conscientizando quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individuais. O alto índice de acidente de trabalho e das doenças ocupacionais, a exemplo da silicose, facilmente diagnosticada nos trabalhadores da lavra do caulim e de outros minerais de pegmatitos, aqui do Seridó PB/RN, tem gerado óbitos, causando graves problemas na família do garimpeiro, pequeno minerador. Também, a criação de CIPAMIN’s – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração – torna-se necessária para a consolidação dos ensinamentos, conscientização a partir do acompanhamento contínuo dos eventos dentro da unidade de produção.  Portanto, acreditamos que a partir de ações desse porte podemos eliminar ou minimizar, os riscos de acidentes.

RedeAPLmineral – A comercialização é um ponto importante para qualquer produto. Quais são as principais barreiras no âmbito de APls?

Marcelo – Acreditamos que num ambiente competitivo, como o que ocorre no mercado mineral, a pouca capacidade empreendedora do pequeno produtor, aliado à ausência de tecnologia, a carência de capacitação, a dificuldade no cumprimento dos prazos de entrega, a falta de parcerias entre empresas, a falta do Capital de Giro, a não participação em Feiras e missões técnicas, de modo que não atende ao mercado cada vez mais exigente na qualidade dos produtos. Logo, tudo isso se caracteriza como grande gargalo, ou seja, um paredão que impede o pequeno produtor mineral recém chegado da informalidade de permanecer e criar raízes comerciais.

RedeAPLmineral – O que está sendo pensado/elaborado pela Comissão Organizadora a respeito da consecução do atendimento dos anseios, as demandas postas e aos encaminhamentos resultantes das palestras e dos debates ocorridos ao longo da realização dos encontros da RedeAPLmineral?

Marcelo – A coordenação da RedeAPLmineral e os atores que trabalham a cadeia produtiva da pequena mineração, a partir das discussões com o setor produtivo, deve exercer importante papel mediador, para que sejam estabelecidas ações, acompanhadas de suas aplicações no âmbito dos APLs de Base Mineral em cada Estado, a partir das necessidades e vocações.

Por: Equipe de comunicação da Rede APLmineral

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