A Bahia é um dos Estados mais estudados geologicamente falando do Brasil

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James Silva Santos Correia, 52 anos, assumiu o cargo em agosto de 2009 e levou para a Secretaria de Industria, Comércio e Mineração uma vasta experiência e um currículo de peso. Foi gerente de operações da região metropolitana de Salvador da COELBA, por 10 anos. Criou o plano de racionamento alternativo a crise energética em 2011.

Além disso, foi consultor na área de gás e petróleo para diversas empresas do setor. Engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da UFBA, especialista em Planejamento de Sistemas de Potência (UFMG), pós-graduado em estudos avançados sobre Sistemas de Potência, Mestre e Doutor na mesma área, pela Escola politécnica da USP, sendo condecorado com a medalha comemorativa dos 110 anos desta escola, na modalidade Empreendedorismo. Foi Coordenador do Mestrado em Energia da UNIFACS. Confira a entrevista concedida ao repórter Carlos Vianna Júnior.

O senhor responde pela carteira de Indústria, Comércio e Mineração. Como á gerir uma secretaria com três âmbitos de fronteiras tão definidos?

James Silva Santos Correia – Todos eles, de uma forma ou de outra, se interrelacionam. Não há indústria sem comércio nem comércio sem indústria. A mineração, que é uma atividade industrial, também tem o seu componente comercial. Embora tenham pautas e reivindicações distintas, todos eles integram a cadeia produtiva da economia baiana. Salvador nasceu como um dos principais entrepostos comerciais do mundo. Nossa indústria é pioneira, com a cana-de-açúcar, assim como também é a nossa mineração, com o garimpo extrativista na Chapada Diamantina. Estão na formação histórica da economia baiana essas três vertentes.

Qual é o papel da mineração na economia baiana hoje?


James Silva Santos Correia – A Produção Mineral Baiana Comercializada (PMBC) apresentou um desempenho recorde de RS 1,7 bilhão em 2010, evoluindo constantemente desde 2007, quando cravou R$ 850 milhões, A produção mineral bruto, sem beneficiamento, representou 1,2% do PIB baiano em 2010. 
 
Quais os destaques da Produção Mineral Baiana Comercializada (PMBC)?
 
James Silva Santos Correia – Levando-se em conta as substâncias minerais produzidas, as cinco principais commodities extraídas na Bahia – cobre, ouro, níquel, cromo e magnesita são responsáveis por mais de 75% da PMBC. Em 2010, os principais destaques na PMBC foram a produção de níquel, brita e a retomada na produção de rochas ornamentais. O níquel teve sua exploração iniciada em janeiro e já se posiciona como o terceiro bem mineral em comercialização no ranking de produção baiano.

A comercialização de pedra britada aparece, demonstrando o bom momento da construção civil pelo qual passa o País e em especial o Estado da Bahia. As rochas ornamentais, que retomaram produção não só para atender ao mercado externo que começa reagir à crise internacional, bem como ao mercado nacional que, em 2010, mostrou-se muito receptivo. 
 
Qual é a descoberta mais auspiciosa feita durante sua gestão até o presente momento?

James Silva Santos Correia – O nosso maior trunfo foi a entrada em produção da mina de níquel de Itagibá (Mirabela), considerada a maior descoberta de níquel a céu aberto do mundo, nos últimos 10 anos.

Desde 2007, a Bahia lidera as solicitações para pesquisas em mineração, segundo o site da CBPM. O que significa isso?
 
James Silva Santos Correia –
 De 2007 a 2009, a Bahia liderou os requerimentos de pesquisa no País, atrás de Minas, que reassumiu a primeira posição em 2010. A Bahia, por ser um dos estados mais bem conhecidos em termos de geologia e por possuir ambientes favoráveis à existência de minerais, principalmente metálicos, passou a ser alvo de empresas mineradoras e de especuladores, quando houve este aumento na procura por minerais em todo o mundo.

Quem faz estas solicitações?
 
James Silva Santos Correia – 
Qualquer brasileiro ou empresa com capital nacional pode requerer áreas no País para pesquisa e lavra independentemente da autorização prévia do proprietário da terra. Apenas no caso do Regime de Registro de Licença há a necessidade da autorização do dono do solo e da prefeitura municipal.

Já se sabe que o Estado possui formações geológicas favoráveis a depósitos e jazidas de commodities minerais muito valorizadas internacionalmente, o que pode transformar a Bahia em um grande polo siderúrgico. o que falta para isso acontecer?
 
James Silva Santos Correia – 
Os governos estadual e federal estão trabalhando para dotar o Estado de infraestrutura. São investimentos em rodovias, energia limpa, obras do PAC como a Ferrovia Oeste-Leste, o Complexo Porto Sul, as obras de ampliação e requalificação do porto de Aratu, além de incentivos fiscais concedidos pelo governo às empresas que pretendem se instalar no Estado. Esses projetos estruturantes que estão em andamento irão resolver questões como a logística de entrada de matérias-primas e o escoamento da produção. Esses fatores equacionados às questões voltadas ao meio ambiente tornam a Bahia um ambiente propício à atração de novas siderúrgicas.

Quanto por cento do minério extraído tem sua transformação feita no próprio Estado?
 
James Silva Santos Correia – 
Esse número ainda não foi apurado. Porém, pode-se afirmar que a Bahia é um produtor de minerais em bruto e semi-manufaturados. Para mudar, o Estado tem feito investimentos em infraestrutura, em logística e vem atraindo empresas que industrializam e beneficiam aqui as matérias-primas. Não queremos ser somente um Estado que exporta commodities.

De que forma a CBPM faz o trabalho de atração da iniciativa privada?
 
James Silva Santos Correia –
 A CBPM é uma descentralizada, uma empresa pública ligada diretamente à SICM e tem grande importância, pois é o braço executivo da política mineral do Estado e através dela é que a Bahia é hoje um dos estados mais estudados geologicamente falando do Brasil.
 
A CBPM, por ser uma empresa de desenvolvimento mineral, pesquisa todo o território baiano e quando viabiliza uma área promissora abre licitação pública, visando atrair empresas privadas para serem parceiras na avaliação e exploração, se for o caso, dos depósitos descobertos. Para tanto, apresenta como atrativo o seu imenso acervo de dados e os trabalhos iniciais de pesquisa, bem como os levantamentos geológicos e aerogeofísicos, que são os trabalhos de maior risco numa pesquisa mineral.

Quantas oportunidades foram negociadas em 2010? E para 2011?
 
James Silva Santos Correia – 
Em 2010, foram licitadas seis oportunidades minerais. Como nesse início de ano já abrimos três Iicitações e, como o mercado está bastante promissor, acredito que teremos um número bem perto de 2008, quando foram licitadas cerca de 15 oportunidades minerais. 
 
A crise financeira mundial afetou a produção baiana de minerais?
 
James Silva Santos Correia –
 Muito pouco. O efeito da crise se deu principalmente nas exportações, especialmente de rochas ornamentais. Embora a pauta de exportações baianas seja diversificada, por seu valor, o ouro, com 65%, e outros metais preciosos, com 24%, acabam por ser responsável pela maior parte do valor exportado.
 
Que outras mudanças no mercado mundial nos últimos anos repercutiram na produção baiana de minerais?
 
James Silva Santos Correia – 
A despeito da crise econômica mundial, a forte demanda global por bens minerais impulsionou ações empreendedoras objetivando descobertas de novas jazidas, observando-se um significativo aumento no fluxo de investimentos mundiais destinados à exploração mineral no Brasil.

É importante registrar que nesse novo ciclo de demandas pelos metais destaca-se a performance do Brasil no comércio exterior de minério de ferro, cujas exportações totalizaram US$28 bilhões, em 2010. A China ocupou o primeiro lugar na lista de compradores dessa commodity (43%), sendo seguida pelo Japão (12%), Alemanha (7%) e Coréia do Sul (4%). Houve uma recuperação gradativa na demanda das principais commodities minerais, cujos preços foram amplamente influenciados pela relação entre euro e dólar e especialmente pela confiança dos investidores.

Salientando que a confiança dos investidores, que é um forte indicador da recuperação das commodities no mercado, foi positiva em 2010, registrando um aumento significativo nos investimentos em expansões e em novos projetos de mineração. Em consonância com esse cenário internacional e tendências apresentadas pelo setor mineral nacional, o Estado da Bahia apresentou em 2010 um bom resultado na sua produção mineral que foi de R$ 1,7 bilhão (excluindo petróleo e gás), a exemplo do início da exploracão de níquel e bentonita, além da retomada da extração e exportação de rochas ornamentais.

Para os próximos três anos há uma grande expectativa de aumento na PMBC em conseqüência da ampliação da extração de ouro e início da exploração de jazidas de ferro, vanádio, gipsita e outros minerais. Essa expectativa respalda-se na existência de oito projetos de mineração em estágio de implantação e que totalizam investimentos da ordem de R$ 11,6 bilhões. 
 
Fonte: Jornal A Tarde

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