A exploração mineral da região do Seridó (semi-árido nordestino, localizado entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba) data, ainda, da 2ª Grande Guerra, quando a região despertou o interesse americano com a exploração do minério scheelita utilizado na indústria bélica. Desde então, a produção mineral da região migrou para a exploração do Pegamatito, rocha ígnea que contém diversos minerais como: quartzo, feldspatos e micas, terras raras e gemas como: água-marinha, turmalina, topázio, fluorita e apatita.
Foi exatamente este gama de minerais exploráveis que despertou o interesse dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte para o fomento de um Arranjo Produtivo Local de base mineral, o: APL Pegmatitos PB/RN.
Após quase 5 anos de esforços, o APL Pegmatito do PB/RN se destaca como sendo o único que engloba atividades em dois estados diferentes, reunindo 28 municípios do Rio Grande do Norte e 26 da Paraíba, numa área estimada de 20 mil quilômetros quadrados. A maioria esmagadora dos nichos produtivos sendo formada por pequenos núcleos familiares de 3 a 4 membros. Estimativas dão conta de um contingente de 5 mil pessoas diretamente envolvidas na exploração mineral na região.
Aos poucos os produtores locais vão sentindo as vantagens de trabalhar de forma cooperativa e deixando de lado a desconfiança natural que vem da mudança de paradigma produtiva. “Já estamos com 64 cooperados aqui na Cooperativa dos Mineradores Potiguares (Unimina)”, informa, Raimundo Bezerra Guimarães, presidente da cooperativa. “Esperamos que este número possa chegar a mais de 260 quando a nossa produção de mica for vendida”, explica.
Raimundo se refere à negociação que a governança do APL conseguiu assegurar com a multinacional do ramo Von Roll. A empresa acaba de instalar uma unidade de beneficiamento inicial da mica na região. O acordo selado com o APL é de compra de toda a produção dos mineradores, algo em torno de 50 toneladas/mês no momento, a preço de R$ 760,00 a tonelada. “Isto é quase 5 vezes o que estávamos ganhando sem o acordo”, ressalta Raimundo. O planejamento realizado estipula uma produção de 150 toneladas para o 2° semestre deste ano. A unidade tem capacidade inicial de 500 toneladas/mês.
Segundo Sheyson Medeiros, gerente do Escritório Regional do Sebrae em Currais Novos-RN, a princípio a Cooperativa está organizando a produção, primeiramente, em 3 núcleos: Núcleo 1 – Currais Novos, Cerro Corá, São Vicente e Acari;
Núcleo 2 – Lages Pintada, Campo Redondo e São Tomé, e Núcleo 3 – Parelhas, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, Santana do Seridó e Equador. O número de mineradores envolvidos é cerca de 70 pessoas, distribuídos em 13 banquetas de 3 municípios, que estão reunindo o minério produzido para obter um volume maior e ter um preço melhor.
“Embora os resultados não aconteçam na velocidade que desejamos, precisamos continuar persistindo, pois fatos como estes nos motivam e demonstram que estamos no caminho certo”, resume Sheyson. O gerente lembra que não só são os mineradores que ganham com a articulação do APL. Segundo Sheyson, a formalização é uma exigência legal para o apoio do APL. “Precisamos estar em consonância com nossas obrigações, como: as ambientais e de saúde e segurança – estabelecidas em Lei”, lembra. O membro da governança do APL ressalta, ainda, que ao se organizarem os mineradores encontram mais facilidades como o acesso mais fácil a treinamentos, novas tecnologias e especialmente a financiamentos e novas oportunidades de negócios.
Fonte: Rede APL mineral