O fazendeiro Pedro Cerqueira tinha razão a respeito do ferro. Há 25 anos, ele dizia que a propriedade dele estava abarrotada do minério. Segundo a família, o visionário morreu em janeiro, aos 83 anos, ciente de que estava certo.
A propriedade está na faixa de 100 quilômetros quadrados em Coração de Maria onde foi identificada uma jazida de ferro, de onde se espera extrair 15 milhões de toneladas por ano. A mais nova descoberta deve atrair para a cidade um investimento próximo a R$ 1,2 bilhão. Neste ritmo, a mineração baiana deve superar os R$ 6 bilhões de investimentos nos próximos três anos.
A explicação para as novas descobertas está no aumento significativo na quantidade pedidos de pesquisas geológicas. Faz quatro anos que o chão da Bahia é o mais procurado para a atividade.
O ano passado, foram 3,5 mil pedidos de pesquisa – 19,5% do total no País, de acordo com o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). Nos dois primeiros meses deste ano, o Estado se mantém a frente de estados tradicionais como Minas Gerais, Goias e o Pará.
Até o mês de setembro, a Secretaria de Indústria Comércio e Mineração (SICM) pretende lançar uma estratégia para acelerar o processo de pesquisas de novas áreas.
Aproximadamente 400 áreas da estatal Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CPBM), serão colocadas à disposição da iniciativa privada através de licitação. “Nós temos mais de 1,4 mil áreas para pesquisar e não temos condições de dar conta de tudo”, explica o presidente da empresa, Rafael Avena.
A expectativa no setor é de que a Bahia se torne o terceiro estado na produção de minério do Brasil. Hoje, ocupa a quinta posição. Só no que diz respeito ao minério de ferro, existe a previsão de investimentos de R$ 3,6 bilhões da Bahia Mineração, em Caetité, e outros R$ 1,7 bilhão da Paili Bahia Mineração, em Laje ou Jaguaripe.
“Essa expectativa de R$ 6 bilhões é bastante conservadora”, avalia o secretário da SICM, James Correia. “Se considerarmos os projetos já identificados, vamos superar muito essa expectativa”, acrescentou.