Com um aumento de 128%, entre os anos de 1989 e 2008, o Rio Grande do Norte foi o segundo estado nordestino com maior crescimento no número de pessoas ocupadas em empresas privadas com até 10 postos de trabalho, no período. O estado ficou atrás apenas de Alagoas, cujo acréscimo nos postos de trabalho foi de 143%. O mesmo quadro foi encontrado em relação ao rendimento real desses trabalhadores em 2008, quando os norte-riograndenses recebiam R$ 689 e os alagoanos, R$ 967, por mês. Esses dados fazem parte do estudo Atualidade e perspectiva das ocupações nos pequenos empreendimentos no Brasil, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou o perfil dessas empresas em todo o país.
Também de acordo com o estudo, entre 1989 e 2008, o comércio foi responsável por 45% de todas as vagas abertas no Brasil, enquanto o setor da construção civil ocupou o segundo posto, gerando 15,4% dos postos de trabalho. O setor industrial e os serviços coletivos, que incluem educação e saúde, também apresentaram contribuição importante para as vagas abertas, uma vez que esses dois setores responderam por 27,2% do total das ocupações abertas no país.
O supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos (Dieese) no estado, Melquisedec Moreira, diz que não há dúvida quanto à relevância econômica e sócia da participação dos micro e pequenos empreendimentos no país. Ele chama a atenção para o fato de que essas empresas enfrentam enormes adversidades para participar do mercado, provocadas em grande parte pelo baixo uso de potencial tecnológico e por serem ainda empresas com baixa capitalização. “Daí a necessidade do apoio a pequena e micro empresa nas regiões menos desenvolvidas, cuja realidade difere em muito do sul-sudeste do Brasil, dominado pelas grandes empresas”, completa Moreira.
Para Melquisedec, uma das maneiras mais eficientes de garantir o funcionamento das pequenas, é através dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). Ele explica que dessa forma, os empreendimentos são capazes de adquirir dimensões de grandes empresas. “Para isso, cabe ao Estado fazer uma ampla reavaliação do conjunto de políticas públicas para o setor. Porque as pequenas e médias, isoladas, são incapazes de robustecer a economia. Devem ser objeto de atenção preferencial e de proteção em momentos difíceis”, avalia o supervisor técnico do Dieese.
O superintendente do Sebrae RN, Zeca Melo, comemora os resultados do RN. Analisando a pesquisa ele comenta que os números mostram que as pequenas empresas seguraram o emprego no estado. “Mais de 85% dos empregos do RN hoje se localizam entre os pequenos”.
Melo lembra que é preciso um plano específico para as MPEs. “Hoje o pequeno é um protagonista das nossa economia. Deixou de ser coadjuvante”.
Fonte: Tribuna do Norte