Cetem levará a artesãos mineiros nova tecnologia para manipulação de pedra-sabão

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O Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), instituto de pesquisa  do Ministério da Ciência e Tecnologia, vai instalar os primeiros equipamentos adaptados por pesquisadores da instituição para reduzir os riscos à saúde humana e ao meio ambiente causados pela poeira do artesanato feito a partir de pedra-sabão.

Os equipamentos serão instalados em unidade-piloto que a prefeitura de Ouro Preto (MG) construirá na região de Mata dos Palmitos, situada a 40 quilômetros do município. Ali, a população vive da produção artesanal de peças de pedra sabão.

A coordenadora do projeto, a pesquisadora Zuleika Castilhos, disse na quarta-feira (1°) à Agência Brasil que a prefeitura  investiu R$ 50 mil na aquisição do terreno onde será construída a unidade-piloto. O projeto também conta com investimentos de R$ 80 mil do fundo canadense International Development Research Centre.

Ela explicou que, ao contrário do processo a seco atualmente adotado pelos artesãos, que se caracteriza  pelo elevado volume de poeira, a nova tecnologia é úmida e se destaca pelo reuso da água. “Seria como uma escola de uma produção limpa”, observou.

A proposta é que os artesãos mantenham sua produção, que é uma manifestação artística da região, mas por meio de um processo limpo, que não agrida a própria saúde, nem o meio ambiente. “Porque essa poeira vai parar nos rios, também assoreia as margens, também ocupa o solo. Mas, com certeza, esses equipamentos novos vão melhorar muito a produção”, explicou.

Com a evolução do projeto, é possível que a unidade-piloto seja transformada em uma unidade produtiva, uma central de produção, que aglutinaria todos os artesãos de Mata dos Palmitos, tirando das residências a produção artesanal.

A base do projeto foi uma pesquisa do Cetem, desenvolvida na região de Mata dos Palmitos, onde os pesquisadores tiveram a atenção despertada para os impactos ambientais e ocupacionais causados pela poeira da atividade  com pedra sabão.  As casas dos artesãos, inclusive, são rodeadas por um halo branco provocado pela poeira, salientou Castilho.

Em 2005 e 2006, o Cetem submeteu o projeto para o fundo canadense com o objetivo de desenvolver tecnologias  limpas. Em associação com a SAMA Minerações Associados, foram desenvolvidos os equipamentos adaptados à pedra sabão.

O processo de produção “passou a ser completamente úmido, abatendo 100% da poeira”, enfatizou a pesquisadora. No momento, o Cetem está elaborando manuais  técnicos de utilização das máquinas, além de materiais para que pessoas de nível médio de instrução possam orientar os artesãos que não têm estudo. A unidade-piloto deve entrar em funcionamento até março de 2009.

Na região de Mata dos Palmitos, moram cerca de 200 pessoas, das quais 60% são adultos que vivem da produção de artesanato de pedra sabão.

Estudo realizado em 2003 pela  professora Olívia Bezerra, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) com a comunidade do município, constatou que 31% da população local apresentava deficiências respiratórias.

Segundo Zuleika, com esse estudo, o que se percebeu é que “as pessoas estão expostas a uma quantidade imensa de poeira. E há possibilidade dessa poeira estar contaminada por anfibólios, que são um tipo de amianto, material ligado à ação cancerígena. E isso é extremamente preocupante”.

A pesquisadora acrescentou que  as condições de trabalho observadas na região são muito precárias.  “As pessoas se queixam de coceiras e de problemas respiratórios, como falta de ar, e dizem que a poeira incomoda”. O projeto também conta com o apoio do Departamento de Gestão de Conflitos Relacionados à Mineração (Gescom) do Ministério do Meio Ambiente. (Fonte: Alana Gandra/ Agência Brasil)

Fonte: Ambiente Brasil

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