A China não só é o maior produtor e consumidor do mundo de rochas ornamentais como também é o maior mercado destas pedras portuguesas, absorvendo um dos produtos que mais pesam nas exportações de Portugal para o gigante asiático.
Os industriais portugueses do sector estão ansiosos por corresponder à vontade chinesa de comprar pedra lusa e estão em plena missão comercial a Xangai, na Stonetech, a maior feira de rochas da Ásia, para aumentar a exportação portuguesa e sensibilizar o mercado chinês para novas tendências, diversificando o portfolio dos produtos enviados para o oriente.
“A presença cada vez mais forte do sector e a integração do nosso produto no Pavilhão Português da Exposição Mundial aqui em Xangai, em 2010, poderia ser a melhor forma de representar o nosso país e uma plataforma de promoção da pedra portuguesa na China”, afirmou à Agência Lusa Miguel Goulão, secretário-geral da ASSIMAGRA (Associação Portuguesa dos Industriais de Mármore, Granitos e Afins), a associação representativa do sector que organiza a presença na Stonetech.
Segundo Goulão, o crescimento económico chinês contribui para a procura de materiais únicos de qualidade superior por parte dos consumidores com maior poder de compra, o que contribui para que as rochas portuguesas sejam pagas como bem de luxo e constituam um peso pesado que vale 20 milhões de euros no total das exportações portuguesas para a China.
“É a China que procura o produto, e as rochas portuguesas são pagas como bem de luxo porque têm uma óptima aceitação no mercado chinês”, assegurou o responsável.
Segundo dados portugueses, Portugal exportou para a China em 2007 um total de 181,143 milhões de euros, a que se juntam parte dos 707,42 milhões de euros de exportações portuguesas para Singapura, porto intermediário no transporte dos produtos para a China.
Um total de 14 empresas portuguesas integram a missão a Xangai na Stonetech para estabelecer contactos com o mercado chinês, nomeadamente com empresas do sector, consumidores finais e engenheiros e arquitectos, que influenciam a escolha dos materiais de construção.
A China compra quase em exclusividade toda a pedra moca creme produzida em Portugal e, segundo o responsável da ASSIMAGRA, a procura é tal que são as próprias empresas chinesas que fazem disparar o preço do produto.
“É a chamada venda fácil porque são as grandes empresas chinesas que já estão a comprar em Portugal e que nos procuram”, acrescenta.
O boom de construção na China tem beneficiado as exportações das rochas ornamentais portuguesas, mas a possibilidade de uma bolha especulatória imobiliária e as medidas de contenção à construção levadas a cabo por Pequim podem prejudicar a aposta do sector português.
Miguel Goulão não acredita que a bolha especulatória esteja para breve e prevê que a mobilidade chinesa vai querer levar o fenómeno do crescimento e da construção para fora das metrópoles para o replicar no resto do país, o que representa uma oportunidade de negócio para as rochas portuguesas.
A China ainda não tem o peso substancial que a ASSIMAGRA gostaria. Dos 90 milhões de euros gerados pelo sector no centro do país, apenas 20 milhões são destinados à China, que tem um interesse específico nos calcários moca creme, mas ainda não está sensibilizada para outros produtos.
“Também viemos promover novos produtos e soluções na Stonetech. A China reconhece as pedras portuguesas como as melhores, mas ainda só compra moca creme, nós vamos tentar induzir novas modas, como a dos mármores alentejanos, uma pedra com uma identidade única e exclusivamente portuguesa, que pode interessar à China”, explicou.
O produto é vendido facilmente mas a dimensão do mercado chinês torna-o exigente e o responsável observa que “nós não temos a capacidade de resposta que gostaríamos de ter”, reforçando para isso a necessidade de os produtores se associarem, tal é o volume de produção e quantidade de produto necessários para estar à altura da procura do gigante asiático.
Goulão explica que o peso económico do sector das rochas ornamentais na economia portuguesa e no comércio para a China está limitado por um conjunto de restrições de ordenamento do território que “limita a exploração a quatro por cento do território português com potencial geológico.
“É um colete de forças”, considera Goulão.
Apesar de as restrições existirem para minimizar o impacto ambiental da actividade de exploração da pedra, Goulão queixa-se de que podem impedir as empresas portuguesas de dar resposta ao principal cliente da rocha lusa que, no caso de algumas empresas, dependem totalmente das suas encomendas.
Segundo a ASSIMAGRA, Portugal é o oitavo maior exportador de rochas ornamentais para a China, onde as pedras turcas são o seu principal concorrente, mas a par da consolidação da matéria prima portuguesa na China, o sector vai continuar a investir numa promoção noutros mercados como o Dubai, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.
Agência Lusa
Fonte: Revista Macau