Trata-se do modelo Quanta 600 FEG, da empresa holandesa FEI Company, que foi instalado no Laboratório de Caracterização Tecnológica (LCT) do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli.
Equipado com software de automação, o novo microscópio faz automaticamente análises quantitativas de minerais, o que possibilitará maior agilidade e precisão nas análises. A Poli é a única instituição pública do País que possui este software. A análise mineralógica quantitativa é um procedimento essencial na caracterização tecnológica de minérios com vistas à melhoria de processos e produtos.
A partir de uma amostra de ouro, por exemplo, é possível saber qual é a forma de ocorrência do metal precioso, sua composição química, quais minerais estão associados a ele e qual a influência deles no processo de beneficiamento.
Esse tipo de estudo, que engloba todos os aspectos relacionados à microestrutura, morfologia e composição química da amostra, agora passa a ser feito automaticamente com maior agilidade e menor interferência do operador.
“Além disso, todas as informações geradas podem ser visualizadas em tabelas ou gráficos, o que facilita a análise dos dados”, conta o coordenador do LCT, Henrique Kahn, acrescentando que o software é capaz de analisar vinte mil partículas de um concentrado ou minério em questão de horas. Em uma noite, o microscópio é capaz de analisar até 16 amostras sem assistência de operador.
Equipamento multiusuário
O sistema de controle remoto também propicia maior aproveitamento do tempo de uso do microscópio. Poderá ser usado à distância para que pesquisadores de outras instituições tenham condições de realizar pesquisas intensivas. “A proposta é que este equipamento seja multiusuário, que possa ser usado tanto por pesquisadores da USP como de outras instituições, sejam elas públicas ou privadas”, diz Kahn.
Com resolução de 2 a 3 nanômetros e capacidade de ampliação superior a 500 mil vezes (dez vezes superior que o antigo existente no laboratório), o microscópio de varredura tem a vantagem de operar em alto, baixo vácuo e em modo ambiental, ou seja, condições próximas às ambientais, o que dispensa o preparo das amostras. Isso abre um leque maior de aplicações, especialmente na área de biociências, já que nessas condições é possível fazer análises de tecidos e materiais orgânicos.
“O equipamento também realiza ensaios dinâmicos com água ou com variação de temperatura de -20 a 60 ºC, o que possibilita a observação, em tempo real, de mudanças de fases como, por exemplo, a cristalização de sais”, explica Kahn, acrescentando que futuramente poderão ser acoplados acessórios para análise em temperaturas mais elevadas.
Excelência nacional
O Laboratório de Caracterização Tecnológica da Poli é uma referência no Brasil no estudo de matérias-primas de origem mineral. “O laboratório contribui ainda para a formação de mão-de-obra especializada e para o avanço do conhecimento, uma vez que grande parte das pesquisas científicas realizadas pelos alunos de pós-graduação é baseada em necessidades reais do setor mineral”, lembra Kahn.
Isso se estende a outras instituições, já que o LCT também dá suporte em pesquisas de áreas diversas, a exemplo de um estudo morfológico de lentes intra-oculares que visou detectar irregularidades que poderiam propiciar infecções pós-operatórias. Anualmente, o laboratório realiza cerca de 50 projetos de suporte às atividades de pesquisa e desenvolvimento de empresas do setor mineral, além de inúmeras análises para companhias dos diversos setores produtivos.
O LCT também se destaca por ter uma equipe altamente especializada e manter sua infra-estrutura com tecnologia de ponta. Desde sua criação, em 1991, já foram investidos mais de US$ 5 milhões na aquisição e atualização dos equipamentos existentes.
Além dos dois microscópios eletrônicos de varredura, o laboratório dispõe de sistemas de análise de tamanho de partículas por espalhamento laser, espectrômetros por fluorescência de raios X e difratômetros de raios X, entre outros. Sua equipe, com formação em geologia, engenharia de minas e química, é composta por quatro doutores, quatro mestres e três mestrandos, além de dez técnicos de nível médio.
Fonte: Convergência Digital