Exemplos de clusters bem-sucedidos no Brasil e na Europa são apresentados em workshop

Notícias Gerais

Representantes de Arranjos Produtivos Locais (APLs) de Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e São Paulo se reuniram ontem e hoje com integrantes de clusters de Alemanha, Espanha e Itália no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O encontro faz parte das atividades previstas no 1º Workshop Brasil União Europeia de Cooperação Cluster-Cluster, realizado pelo ministério, de 12 e 14 de novembro.

No primeiro dia do evento, foram debatidas propostas para o desenvolvimento de políticas modernas para clusters (no Brasil, classificados como APLs), por meio de incentivos a excelência de gestão, ações de cooperação técnica e ao compartilhamento de experiências de gerenciais bem-sucedidas em agrupamentos produtivos.

Ao fim das apresentações, os participantes debateram idéias e constatações sobre as políticas para os agrupamentos no Brasil e na Europa, com a participação de integrantes do governo, instituições parceiras, entidades de classe e acadêmicos.

Recife

Pernambuco iniciou as apresentações com o Porto Digital de Recife, um parque tecnológico de 149 hectares. Fundado em julho de 2000, o APL estancou o êxodo de mão de obra especializada do estado rumo ao Sudeste e ao exterior e fortaleceu as empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que começaram a chegar a região na década de 1970.

“O polo é formado em sua maioria por micro e pequenas empresas, boa parte delas criadas por jovens empreendedores vindos da academia”, diz Polyana Targino, gerente de informações e planejamento do Porto Digital. Segundo ela, os egressos do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) podem trabalhar no estado porque o setor voltou a crescer após a criação do conglomerado. Hoje, o Porto Digital emprega 6,5 mil pessoas e engloba também a economia criativa, o que levou o polo a firmar parcerias com o governo local em projetos de urbanização que revitalizaram o centro da capital. 

Londrina

A Tecnologia da Informação também é forte no norte do Paraná, que tem um APL dedicado à atividade na região de Londrina desde 2006. Lá se encontram 220 empresas, que trabalham em com ao apoio de instituições como o Sebrae-PE, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR).
Quase metade delas possui até cinco funcionários (48%) e funciona há menos de cinco anos (46%), mas já apresentam números expressivos, como as 18% que exportam seus produtos e serviços.

Belo Horizonte

Outro destaque do encontro foi a apresentação dos agrupamentos que atuam no setor de saúde.  Belo Horizonte conta com o maior polo de biotecnologia da América Latina, em sua região metropolitana. São 55 empresas, com 5 mil funcionários, que trabalham com agronegócio, saúde humana e animal e meio ambiente. Dois terços delas interagem com universidades, fator essencial para ter acesso à capacitação e pesquisas.

“A principal vantagem do arranjo é a qualidade das instituições de ensino que produzem inovações e tecnologia”, explica Laksmi Resende, coordenadora de projetos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), que é parceira do governo do estado, do Sebrae-MG, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no projeto.

Ribeirão Preto

O bom ambiente acadêmico ajuda também o cluster Ribeirão Preto a ser o maior exportador de produtos odontológicos do país. A cidade conta com diversos cursos de especialização em ciências médicas, é responsável por 4% das pesquisas científicas nacionais em saúde e é líder nacional em número de equipamentos hospitalares per capita.
 As 69 empresas do aglomerado, 80% delas pequenas ou médias, empregam 2,5 mil pessoas e interagem com o governo local e instituições de apoio, como a Fipase (Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde).

Espanha

A área biomédica também tem relevância na Europa. Um bom exemplo é a BioRegió, o cluster de biociências e tecnologias médicas da Catalunha, na Espanha. Ela é gerida pela fundação não-governamental Biocat, composta por 19 pessoas que trabalham com um orçamento majoritariamente privado (56%) de três milhões de euros por ano.
A região possui 21% da indústria de biotecnologia espanhola e metade do setor de tecnologia médica. A Biocat também apoia o desenvolvimento dos negócios a partir de parcerias público-privadas, consideradas um fator chave para a transformação do país. “Queremos ser agentes ativos neste setor e dialogar com todos os atores do nosso sistema”, disse a gerente de projetos da Biocat Mamen Martí.

A BioRegió agrega 481 empresas, 80 centros de pesquisa, 15 hospitais e 12 universidades. Elas atuam em diversos segmentos da biociência, como nanomedicina, genômica, farmacologia e agroindústria. “Temos uma infraestrutura muito boa, nossa localização e conhecimento facilitam a atração de talentos para Barcelona. Nos comunicamos com todo o mundo”, complementa Martí.

Alemanha

As condições estruturais também são excelentes em Baden-Württemberg, sudoeste da Alemanha. Conhecida por seus fortes distritos industriais de pequenas e médias empresas, a região tornou-se referência em políticas de desenvolvimento local. As principais atividades econômicas são nos ramos de máquinas, ferramentas, eletroeletrônicos e nas indústrias automotiva e energética.

O cluster de Baden-Württemberg foi criado em 1997 e possui 620 companhias. Existem parcerias com institutos de pesquisa e universidades, com foco em inovação e indústria criativa. Corporações globais como a Bosch e a Daimler-Benz, além de subsidiárias estrangeiras como a SEL francesa e a norte-americana IBM fazem parte deste conglomerado.

Itália

Já na Itália, foi criado o Clube Mecatrônico. Atualmente, são 300 empresas associadas, que trabalham desenvolvendo máquinas e ferramentas para setores variados: agropecuária, aeronáutica, automotivo, indústria, robótica e aplicações domésticas, entre outros.

Os produtos são desenvolvidos a partir de parâmetros de inovação e qualidade para agregar valor. “Um produto montado com tecnologias diferentes, integrando mecânica, hardware e software, significa um produto inteligente”, explicou o representante italiano Marco Vanzi.

O que são Clusters?

Clusters são agrupamentos de empresas com características semelhantes, que coabitam num mesmo local ou região e colaboram entre si em busca de mais eficiência produtiva. No Brasil, são equivalentes aos Arranjos Produtivos Locais (APLs).

Em âmbito nacional, os APLs são geridos pelo Grupo de Trabalho Permanente para APLs (GTP-APL), coordenado pelo MDIC e integrado, no total, por 33 instituições públicas e privadas. Os estados e regiões participantes, no entanto, possuem estrutura própria e autonomia de gestão.

Fonte – Assessoria de Comunicação Social do MDIC

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