Usiminas está mais preparada para competir, afirma ex-diretor

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Muito além dos bons resultados que analistas de mercado e acionistas reclamam da Usiminas, os próprios rumos da competição internacional no setor, o excesso de estoques no mundo e o custo alto da produção no Brasil serão os principais testes para o novo presidente da companhia, Julián Eguren, que deixou o cargo de presidente da Ternium no México e a diretoria de operações da empresa argentina na América do Norte. Ao sair do comando do grupo mineiro, o executivo Wilson Brumer afirma, em entrevista ao Estado de Minas, que a Usiminas está mais preparada para enfrentar esses obstáculos abertos à siderurgia mundial e desenvolver um novo cliclo de crescimento.

“Há dois desafios que eu diria que estão no caminho de ser equacionados: a autossuficiência em minério de ferro e uma série de programas em andamento para dar independência à empresa no consumo de energia. São mais de 30 projetos nas duas usinas (de Ipatinga e Cubatão)”, afirma. Wilson Brumer acredita que o ingresso de um acionista especializado no negócio da siderurgia dará novo gás ao grupo mineiro. Desde a privatização da companhia, 20 anos atrás, observa o executivo, a Usiminas teve sócios vistos como transitórios, como bancos e os grupos Carmargo Corrêa e Votorantim.

O senhor reconheceu no ano passado que o resultado operacional da Usiminas ficou aquém do que gostaria e do que o mercado esperava, mas tem insistido em que a empresa está mais preparada. Quais seriam os pontos fortes para ser trabalhados agora?

Nós demos continuidade aos investimentos que haviam sido deixados pelos antecessores. Concluímos a implantação do projeto CLC, que permitiu à Usiminas ingressar no segmento da fabricação de aços mais valorizados para os mercados rentáveis do pré-sal e da indústria naval. Investimos nessa iniciativa quase R$ 540 milhões. Concluímos a nova linha de aços galvanizados de Ipatinga, que também deu maior valor agregado à produção da companhia, com recursos de R$ 914 milhões. Finalizamos as obras do novo laminador de tiras a quente da usina de Cubatão, com inversões de R$ 2,5 bilhões. O equipamento já está em testes. E realizamos muitos investimentos na área de tecnologia, além do fortalecimento da produção própria de insumos como o minério de ferro, com a criação da Mineração Usiminas e várias parcerias nesse segmento.

Buscar autossuficiência foi, então, uma arma importante para a nova fase em que a empresa deverá entrar…

Eu entendo que a Usiminas tem dois desafios, hoje, a caminho de serem resolvidos. Na busca de autossuficiência em minério de ferro, a Mineração Usiminas já fechou o ano passado com capacidade de produção próxima a 8 milhões de toneladas e tem um plano bem estruturado para chegar a 29 milhões de toneladas em 2015. Passo a passo a Usiminas está criando a sua independência nesse insumo. Na área de energia, outro problema no Brasil, há muitas ações em andamento, algo como mais de 30 projetos nas plantas de Ipatinga e Cubatão, que dão eficiência à companhia. E encaminhamos também outros investimentos como a própria análise do aproveitamento dos gases industriais da usina de Cubatão para geração térmica. Temos uma avaliação bastante avançada nessa direção, que é um outro passo importante a ser dado a favor da competitividade da empresa.


O que os acionistas podem esperar da nova gestão?

Eu entendo que a chegada da Ternium junto com a Nippon, que está aqui há 50 anos, e a própria Usiminas formam uma associação que fará com que a companhia seja mais forte. Definitivamente, cria-se um grupo de controle de longuíssimo prazo. Possivelmente dentro de 50 anos as novas gerações verão a Nippon com investimentos de 100 anos na empresa e a Ternium com meio século de sociedade na companhia. São empresas do setor e que têm muito a contribuir, seja sob o aspecto tecnológico, como do ponto de vista comercial e na área de formação de equipes. Acreditamos que várias sementes foram plantadas na Usiminas nesses 18 meses a 19 meses da nossa gestão. Quando assumi o cargo, defini um primeiro desafio que foi criar um clima de paz e harmonia dentro da companhia e eu acho que a empresa hoje está mais tranquila. Vejo nisso uma grande conquista. Acho que a Usiminas está mais preparada para enfrentar os desafios da siderurgia mundial e desenvolver um novo ciclo de crescimento.

A especulação recente sobre as mudanças do controle societário ficou como efetivo passado…

O momento dessa virada societária põe de vez a Usiminas numa rota de definição sob o aspecto societário e do seu futuro. Todos os acionistas que aqui passaram pós-privatização foram, de uma certa maneira, acionistas provisórios, embora tenham dado a sua contribuição. Os bancos, a princípio, foram os principais investidores, além da Nippon Steel e dos próprios empregados. Depois saíram os bancos e entraram a Camargo Corrêa e o Votorantim, mas se via nesses grupos uma sociedade provisória. Era uma participação mais financeira do que estratégica, até porque eles têm outros interesses. Por isso não se acreditava que seriam sócios perenes.

Os analistas especulam sobre a venda de ativos da Usiminas que não teriam a siderurgia como foco, a exemplo da Usiminas Mecânica e a Automotiva Usiminas. O senhor já havia informado que a Usiminas Mecânica busca um sócio para crescer. Como ficam esses projetos?

Na minha gestão estávamos já avaliando essas iniciativas, mas resolvi segurar um pouco esses projetos, na medida em que havia sinais de uma nova composição acionária. É natural esperar que os novos sócios discutam esse assunto. 

Fonte: Estado de Minas

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