Minerais nada explorados no Brasil, conhecidos como terras-raras, têm volume potencial de 10 milhões de toneladas em Minas Gerais, de acordo com o US Geological Survey. Por isso, já despertam o interesse de grandes empresas como a Vale. “Nosso depósito mais famoso e rico é o de Araxá. A Vale tem lá em torno de 8 milhões de toneladas do conjunto das terras-raras”, contou o geólogo Reinaldo Brito, chefe do Departamento de Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), responsável pelo Projeto Terras-Raras no Brasil.
Esse volume da mineradora, ainda de acordo com Reinaldo Brito, faz parte de um corpo de minérios em torno 400 milhões de toneladas que a Vale vem lavrando em fosfatos e minério de ferro na região de Araxá. A reportagem procurou a Vale, que não quis falar sobre o assunto. As terras-raras representam um grupo de 17 elementos químicos usados na produção de monitores de TVs de plasma, ímãs, notebooks, fibras óticas e celulares.
Mas as terras-raras, em Minas Gerais, ainda não foram exploradas. “Ficam em Araxá, Tapira e Patrocínio”, enumerou Reinaldo Brito, do CPRM. O órgão, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, está desenvolvendo projeto para indicar potenciais áreas brasileiras e propor ao governo políticas especificas para as terras-raras no Brasil. O custo do projeto é de R$ 10 milhões e a duração é de dois anos.
Reinaldo Brito contou que os maiores depósitos mundiais estão na China, Estados Unidos e Austrália. “O Brasil importa em torno de US$ 7 milhões em terras-raras. Esse volume é 1% de mercado mundial”, disse.
O pesquisador emérito do Centro de Tecnologia Mineiral (Cetem), do Ministério da Ciência e Tecnologia, Francisco Eduardo Lapido Loureiro cita mais depósitos: Araxá, Morro do Ferro em Poços de Caldas e nos aluviões do rio Sapucaí. Segundo o diretor de inovação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fernando Landgraf, o elemento de terras-raras mais comum em Minas Gerais é o Cerio.
O diretor de recursos minerais das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Otto Bittencourt Netto, informou que o órgão, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, foi procurado por empresas interessadas na aquisição de monazita – minério de terras-raras – além de urânio e tório que estão estocados nas instalações da INB em Caldas, no Sul de Minas Gerais e Buena (RJ). “Elas não chegaram a ser utilizadas pela empresa”, disse Bittencourt. Há cerca de seis anos, a INB não trabalha mais com terras-raras.
Fonte: IBRAM