Levantamento feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com grupos de pesquisa de universidades brasileiras identificou a existência de 1.000 arranjos produtivos locais (APLs) de todos os portes em 22 estados até 2008, apoiados por diversas políticas de governo. As exceções foram os estados da Amazônia Legal (Tocantins, Rondônia, Roraima e Amapá). O trabalho envolveu mais de 200 pessoas.
Dividido em dois volumes, um livro com o levantamento dos APLs nacionais será lançado pelo BNDES no dia 21 de fevereiro, em solenidade na sede da instituição, no Rio. De acordo com o trabalho, a partir de 2009 passaram a ter prioridade os APLs de micro porte, cujo objetivo é a inclusão produtiva. Cerca de 300 desses arranjos são apoiados pelo banco, por meio de convênios com os ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento Agrário relacionados aos programas Bolsa Família e Territórios da Cidadania.
A chefe da Secretaria de Arranjos Produtivos e Desenvolvimento do BNDES, Helena Lastres, disse que a instituição pensa em formas de apoiar pessoas dessas regiões mais pobres do país. “Como elas podem ser mobilizadas na produção de algum bem ou algum serviço nesses diferentes arranjos produtivos brasileiros, para que a gente consiga aumentar a geração de emprego e renda”, afirmou.
Outra parceria com a mesma finalidade é feita pelo BNDES com o Banco do Brasil, no âmbito do programa Desenvolvimento Regional Sustentável. “O mais importante é o pós-Bolsa Família, ou como a gente consegue adensar e aprimorar os arranjos produtivos ligados aos Territórios da Cidadania que, em geral, são de agricultura e pecuária familiar. Como a gente dá vazão à produção deles, como aumenta a qualidade, principalmente desses bolsões de maior necessidade no Brasil”.
Helena Lastres destacou que o passo fundamental é passar de uma política “que não seja só assistencialista” para o engajamento na produção de bens e serviços. Outra vertente é pensar os APLs inovadores, ligados à produção de serviços públicos de qualidade. Para ela, a questão da pobreza extrema, do desenvolvimento social, envolve não só a inserção produtiva, isto é, a geração de emprego e renda, mas também o acesso a serviços públicos de qualidade – educação, saúde e habitação.
Grande parte dos APLs que o BNDES quer inserir na cadeia produtiva, onde existem mais beneficiários do Bolsa Família, está localizada nas regiões e estados “mais marginalizados”, informou Helena. Esses são locais onde as políticas de apoio têm maior dificuldade de chegar. Entre eles estão estados das regiões Norte e Nordeste e o norte de Minas Gerais.
O apoio do BNDES aos APLs é feito de forma indireta, reforçando programas do governo federal, ou diretamente com os estados. Em 2010, o banco conseguiu apoiar APLs para inclusão social em seis estados do Nordeste. Hoje, já são sete as unidades da região com APLs apoiados pela instituição. A idéia é começar pelo Nordeste, seguir para a Região Norte e depois para o resto do país, revelou Helena.
Ela ressaltou que somente no ano passado foram analisados em seis estados do Nordeste (Ceará, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Baía e Sergipe) 1.732 projetos, dos quais foram selecionados cerca de 300, totalizando recursos de R$ 88,3 milhões. O BNDES participou com R$ 40,5 milhões a fundo perdido, oriundos de parcela do lucro da instituição. O restante foi aplicado pelos governos estaduais.
Edição: Graça Adjuto
Fonte: EBC